segunda-feira, junho 09, 2003

MOMENTO SINDICAL
Dizia a Columbina ali em baixo:
Peço desculpa se vou ofender alguém, mas o que penso dos professores é o seguinte:
_Muito bem pagos comparativamente a outras profissões com o mesmo grau académico.
_Trabalham o menor número de horas
_Só fazem formação se for perto de casa, lhes pagarem para a fazerem e tiverem alguma compensação monetária por isso ( vulgo subida de escalão)

Ó Columbina, apesar de isto ser um blogue com pretensões humorísticas, vou tentar dar uma resposta séria (urrrrgh!).
"o que penso dos professores"... logo por isto a coisa fica com mau aspecto: dos professores? todos? não haverá uma excepçãozinha para confirmar a regra? nunca gostei de generalizações. Criam precedentes chatos, tipo "os políticos são todos uns corruptos (ou pedófilos)". Não é bonito.
muito bem pagos... Há outras profissões com o mesmo grau académico muito melhor remuneradas: médicos, juízes, generais; há outras profissões melhor remuneradas com grau académico inferior: carpinteiros, canalizadores, jardineiros, taxistas. Isto para não referir as concorrentes das mães de Bragança... estão bem pagos relativamente a quê (ou quem)? O Presidente da República ganha mais que um varredor. Está muito bem pago? Um admistrador de um hospital SA ganha mais que o ministro da saúde. Quem é que está bem e quem é que está mal pago? Um mineiro ganha menos que um juíz. É por isso que o juíz está muito bem pago? Com os professores, a questão é similar. Estão bem pagos relativamente a quem? Aos ucranianos? Ou aos administradores hospitalares?
Só fazem formação se for perto de casa... há quem faça formação bem longe de casa (mestrados e doutoramentos em Inglaterra ou Espanha, por exemplo, sem bolsas nem ajudas, tudo pago do próprio bolso); a compensação monetária cada vez menos é garantida, e não me parece mal que um tipo ganhe mais qualquer coisinha por ter feito o esforço suplementar de fazer formação. Podia-se deixar sossegado no seu cantinho e esperar por uma promoção por antiguidade. Sempre é mais adequado para a cultura (ainda) reinante na função pública. Mas o esforço de valorização pessoal e profissional deve ser recompensado. Acho. Se calhar não deve.
Trabalham o menor número de horas. É verdade. São uns calões. Uns sornas do piorio. Com o resto das pessoas honestas a trabalhar 35, 40, 45 horas por semana e esses camafeus só dão até 22 horas de aulas por semana no secundário e até 12 no superior. Inadmissível. Claro que o facto de preparar as aulas em casa, ir para a biblioteca ou internet fazer investigação, preparar textos de apoio, projectos, iniciativas diversas, corrigir e classificar testes, ouvir reclamações de pais e alunos, discutir orçamentos, redigir relatórios, participar em seminários, etc., não conta. Mesmo que esse trabalho só se consiga realizar fora da escola. Essas horas, esses fins de semana, esse tempo roubado à família não deve ser contabilizado. Têm é de estar fisicamente no local de trabalho - pelo menos para serem vistos.
É óbvio que há professores relapsos (como há exemplares vergonhosos em todos os ofícios). Basta ler o texto do António Barreto para se confirmar a ideia. Mas essa mania de generalizar, de meter tudo no mesmo saco... não gosto, pronto! Já disse. Détzólfolkes.
ANIMAL