quarta-feira, julho 30, 2003

A BUSCA DE VANESSA
A jovem Vanessa mantém o olhar no visor do telemóvel. O braço lançado para a frente, rígido. O telemóvel na mão. Vanessa roda em todas as direcções, vai contra as pessoas que circulam no McDonald's, mas não desvia o olhar do visor. Vanessa volta a carregar na tecla da última chamada. Vanessa manda mais um toque. Os olhos não descolam do visor.
Numa mesa, a 5 metros de Vanessa, 3 jovens levantam os braços, acenam, dizem Uuuu, Vanessa, tamozaqui! Um telemóvel toca. Uma vez. Voltam a acenar. Duas chegam a levantar-se e a acenar.
Do meu local de observação, contei o tempo: pelo menos dois minutos passaram desde que comecei a observar a busca de Vanessa e os sinais das amigas de Vanessa. Finalmente, na sua deambulação pelo restaurante, Vanessa passa ao alcance de uma das suas amigas, que lhe toca no braço. O olhar vidrado de Vanessa afasta-se do telemóvel e começa a focar-se nas amigas que a recebem efusivamente.
"Estava farta de vos mandar toques!"
"Estávamos há que tempos a fazer-te sinal. Tava a ver que tinha de te ligar a dizer onde estávamos."
O supremo esforço de uma delas se levantar da mesa e deslocar-se 5 metros até onde estava a Vanessa e o seu telemóvel não era, aparentemente, uma opção aceitável. É inacreditável que os telemóveis ainda não tragam sistemas de localização das pessoas com quem nos vamos encontrar!
ANIMAL
(Ah! antes que haja merda, McDonald's é uma marca registada da McDonald's Corporation - all rights reserved)