quarta-feira, julho 09, 2003

NOTAS DE VIAGEM
(imitando os posts do Zé Mário, que vai relatando o quotidiando de Paris, faço o mesmo: observações de um estranho numa terra estranha - Animal em Lisboa)
Grafitti na Gare do Oriente: ANA AiNdA tE AMo RiCArdo
Além de reconhecer neste RiCArdo mais um adepto de causas perdidas, encontro nesta inscrição sem esperança uma das grandes interrogações que atormentam a nossa cultura desde a Bauhaus: a escrita deverá ser toda em minúsculas (por uma questão de economia, pois um alfabeto apenas dá conta do recado)? Deverá ser uma conjugação normalizada de maiúsculas e minúsculas, seguindo os decretos gramaticais das academias de letras? Poderá/deverá ser um espaço de experimentação (táctica do "todos ao monte e fé em deus")? Perguntas, perguntas.
Estaria o Adolfo certo ao chamar "degenerados" aos bauhausianos? Estariam os bauhausianos certos ao propor esta escrita higiénica, excluindo a oligarquia das maiúsculas e tornando a comunicação escrita numa terra sem amos, onde cada consoante e cada vogal desempenharia humildemente a sua tarefa em prol de um bem maior?
Como diz o gajo da Renascença: "Talvez seja bom pensar nisto".
ANIMAL