terça-feira, setembro 16, 2003

SOL DA MEIA NOITE
Tinha ouvido de raspão o Prof. Marcelo a falar disto, mas pensei que fosse uma ideia para prolongar o dia até às 29 ou 30 horas, de forma a poder ler mais 7 ou 8 livros por dia. Mas parece que é mais sério: o governo pondera acertar a hora legal com a Europa. Já tivemos disto nos tempos negros do cavaquismo. Lembro-me de dar aulas às 8.00, noite cerrada, e assistirmos ao nascer do sol por volta das 9.15. Poético. Mas disfuncional como o raio. No Verão, fui daqui até Budapest sem mexer no relógio. Só que em Budapest, a noite surgia a horas decentes, como qualquer noite honesta; aqui, às 23.00 ainda havia claridade. Mais um bocadinho, ó governo, porque não acertamos o relógio com Moscovo, por exemplo? Assim, tinhamos mais um atractivo turístico: o sol da meia-noite. Era uma punição exemplar aos suecos, esses ingratos que não quiseram entrar no Euro. Sacavamos-lhes os turistas, facturavamos bué e os gajos faliam. E depois eles entravam no Euro e a Europa ficava muito feliz.
Ou então, se o argumento são os negócios, devíamos acertar a hora com o Brasil - parece que é o nosso maior mercado. Com uma vantagem adicional: os turistas portugueses deixavam de ser atormentados pelo jet-lag ao chegarem de Fortaleza, e a produtividade não se ressentia.
Lembro-me que a primeira medida do primeiro governo Guterres foi exactamente revogar essa lei. Como andamos sempre nestas merdas das alternâncias, por favor, não façam isso: os senhores que se seguem, revogam. Tentem fazer leis e governar decentemente. Não nos fodam mais do que o necessário. Muintóbrigado.
ANIMAL