quarta-feira, outubro 22, 2003

AND NOW SOMETHING COMPLETELY DIFERENT
De manhã, estavam uns 10 a tomar conta do cadeado. À tarde, eram 4. Contudo, a Universidade paralisou. Os funcionários não puderam marcar o ponto mas penso que terão a falta justificada. Os professores não puderam dar aulas nem trabalhar nas papeladas que também fazem parte do ofício, mas vão receber o salário na mesma. A questão que levanto - motivada por alguns comentários feitos lá para baixo - não tem a ver com a legitimidade da greve. Insisto: a Constituição consagra esse direito. Mas se fossem os professores (alguns) ou funcionários (alguns) a decretar uma greve e se lembrassem de impedir o acesso à Universidade com cadeados e correntes, em 5 minutos estava a polícia de choque & os seus bastões & os seus cães & e os seus canhões de água a dissuadir os grevistas de tomarem atitudes assim tão extremas. Mas como são os jovens, o futuro da nação, a elite que nos vai governar, deixa-se os meninos brincar às greves e impor a vontade de (quantos? 1%?, 0.5% do corpo discente?) algumas dúzias de patetas hiperactivos a uma comunidade inteira. O que me provoca estranheza nesta história, é a complacência com que os magníficos reitores e presidentes dos politécnicos encaram esta brincadeira. Será para aproveitar a boleia da confusão causada e apanharem o poder enfraquecido? Será por terem medo dos meninos? Que eles amuem e vão para o privado (e lá se vai mais uma fonte de financiamento)?
Ali em baixo alguém diz que o 25 de Abril nunca se faria se toda a gente cumprisse os regulamentos. Certo. Mas acho que comparar as motivações de quem fez o 25 de Abril com as convicções destes bebedores de cerveja é um bocado puxado. Apostava que se a polícia lá aparecesse, abriam logo a porta e depois iam a correr gritar para a frente da primeira câmara de televisão que apanhassem a jeito - acusando a bófia de violência desmedida. E de atropelos intoleráveis à democracia.
Só que se esquecem dum atropelo intolerável ao direito ao trabalho. E note-se, eu nem fui grandemente afectado: o meu salário continua a pingar. E os prazos que marquei mantém-se inalterados. Se alguém vai ser afectado por estas atitudes, serão os colegas deles. Que nem sequer se deram à canseira de ir para os piquetes: tiveram um fim de semana prolongado, descansado, porreirinho. Claro que vão dizer que não é justo, serem penalizados pelas atitudes prepotentes dos colegas que fecharam a Universidade. Mas as greves são mesmo para causar transtorno, não é? Pois o transtorno aí está. E o fim de semana prolongado soube bem não soube? Pois é: não há almoços grátis...
ANIMAL (ainda assim, convencido que é um gajo de esquerda)