segunda-feira, outubro 27, 2003

FINALMENTE
Manhã cinzenta, chuva intensa, início de mais uma semana. Enquanto espero que o semáforo fique verde, oiço a revista de imprensa na TSF. Bastonário atira-se ao Procurador, oposição ataca o Governo, iraquianos matam americanos. Enfim, nada de novo. Até que um jornal – confesso que não ouvi qual - destaca mais um passo importante da sociedade portuguesa. “Prostitutas vão poder passar recibos verdes”.
Incrível. Só em pleno século XXI a profissão mais velha do mundo consegue, finalmente, ser considerada como tal. Vejamos o que é necessário para que uma actividade seja considerada profissão: (os destaques a bold são meus)
1.Nível de qualificação média ou superior, assente em formação inicial correspondente ou em qualificações informais de longa aprendizagem.
2. Diferenciação e especificidade técnica ou científica permitindo algum grau de autonomia profissional e responsabilidades de enquadramento ou coordenação de actividades no domínio em causa;
3. Auto-identidade social mínima do grupo em questão;
4. Reconhecimento formal pelas entidades públicas administrativas , pelo mercado ou pela prática social.

O pagamento de impostos é, quanto a mim, o reconhecimento formal de que a prostituição é uma profissão.
O mais fabuloso é que os responsáveis por esta legislação pensaram em tudo: As prostitutas vão passar recibos, mas não podem especificar qual o serviço prestado. Também era melhor. Desde logo porque “o segredo é a alma do negócio” e, depois, porque não estou a ver para que serviam os recibos se não dão para meter na contabilidade. É que não estou a ver ninguém a entrar na contabilidade da empresa para entregar um recibo relativo a dois bicos e uma queca.
WALDORF