quarta-feira, janeiro 07, 2004

O ERRO DE DESCARTES FOI NUNCA TER LIDO FREUD
Num esforço igual a tantos outros de produção intelectual irrelevante para o futuro do país, pretendemos aqui questionar uma realidade aparentemente transparente e sugerir algumas hipóteses de trabalho que permitam a resolução futura de algumas incógnitas conceptuais dessa problemática epistemológica lusófona que tem apaixonado gerações de investigadores nacionais e internacionais, os rebuçados do Dr. Bayard.
Os rebuçados do Dr. Bayard são feitos de açúcar, glucose, alteia, mel e xarope de plantas medicinais. Ora isto levanta a primeira dúvida. Será de fiar um médico cuja principal missão na vida foi inventar rebuçados? Um verdadeiro médico (ou bioquímico ou farmacêutico) não prepararia rebuçados com plantas, mas sim com um composto de 35 produtos químicos. Esta aproximação à medicina alternativa leva-nos a crer que o Dr. Bayard possa ter estudado na mesma universidade que concedeu o doutoramento ao Prof. Karamba.
No papelinho plastificado que embrulha cada um dos rebuçados encontra-se material que daria para uma investigação que não cabe aqui por falta de espaço, tempo e barriga para tantos rebuçados. Optámos, por nos parecer uma questão central nestes tempos de desordem iconológica e semiótica, pela interpretação da imagem central que ocupa o dito invólucro. No centro pode-se ver um homem adulto. Não queremos aqui retomar a polémica iniciada entre Pierre Bourdieu e a dupla de Coelhos, Lena e Prado, que incendiou o mundo académico no final dos anos 70 e ficou conhecida como "a luta da idade". Interessa-nos essencialmente a imagética que lhe está associada. O dito homem está representado no centro de um quadrado vermelho, cor associada ao desejo e à luxúria, e aparece ao leitor infragónico com uma atitude que tem sido ambiguamente interpretada pelas teorias aproximativas da psicanálise. Nos lados esquerdo e direito do quadrado que circunda a cor vermelha já referida - quando se observa a figura do homem na posição que socialmente é mais bem aceite - encontramos o nome de Dr. Bayard. É aqui que pensamos encontrar uma novidade empírica nesta discussão. Sabe-se hoje, depois das investigações de Goffman e Toy sobre o self, que a representação denotativa do próprio nome em papéis de rebuçados é uma forma de afirmação social. De seguida, a palavra PEITORAIS escrita em maiúsculas por cima e por baixo da figura masculina leva-nos àquela que é a nossa tese central e de ruptura neste documento. Tem sido consensual na comunidade científica a teoria de que a figura mostra um homem espantado com os peitorais da Dolly Parton. Baseados em dados empíricos apresentados em anexo, afigura-se como provável que o homem que se vê no papel de embrulho dos rebuçados do Dr. Bayard esteja a tossir. Pensamos também que a inclusão da palavra PEITORAIS está relacionada com o estratagema masculino comum de fingir que se tosse para se debruçar sobre um decote. Quem nunca o fez que atire o primeiro chupa-chupa.

RAP (contribuição muito parva) & STATLER (ideia absurda)
(Investigação transbloguística financiada pela FCT e pelo mini-mercado Tudo Bom)

(Este projecto terá continuidade numa segunda investigação sobre os rebuçados Dr. Bayard. Nesse paper será discutida a relevância da localização da fábrica dos doces, em plena Rua Gomes Freire, na Amadora, e apresentaremos como hipótese uma relação cabalística entre a localização base do Dr. Bayard, a cadeia da Polícia Judiciária, situada na rua homónima de Lisboa e do restaurante Laimando, na avenida de Queluz com o mesmo nome, encerrando desta forma o tríptico Gomes Freire de Lisboa - Amadora - Sintra.)