segunda-feira, fevereiro 23, 2004

DAS CAGADEIRAS.
A propósito das Impressões Holandesas do Animal do Blogue dos Marretas, aqui ficam umas notas soltas.
A cagadeira descrita é para mim objecto de admiração há bastante tempo. Ou melhor, desde que comecei a viajar na Europa de Leste. A distinta, a que chamo "il fait longtemps" de cagadeira de leste, é peça obrigatória em qualquer casa de banho de qualquer edifício construído antes da queda do "ancient règime" nos países de leste (europeu). Infelizmente são substituídas nas actuais remodelações dos edifícios por modelos standardizados e mais ocidentais (em Berlin leste creio haver mesmo 1 lobby de uma "valadares" francesa que equipa todos os edifícios renovados) que ficam anos-luz atrás tanto em carisma como em performance. Muitas vezes mesmo por aquele modelo tão em voga nos dias que correm por ter um "look" moderno, que eu apelido de RRP (Retrete com Resposta Paga), já que o acto de cagar em paz tentando manter o cu seco tem que ser precedido por uma forragem a papel da superfície líquida, dado que esta explode quando nela aterra o rejeitado cagalhão, molhando obviamente o cagante ou cagador (ignoro qual seja o termo mais correcto).
Enquanto vivi na Alemanha de leste pude disfrutar durante o primeiro ano de uma destas cagadeiras de plataforma, e confesso que sorrio cada vez que me deparo com uma destas belas peças. O facto de podermos ver a merda que fazemos, se passa despercido durante o 1º mês de utilização desta cagadeira, não mais passa a partir daí. Começa a tornar-se "normal" um gajo observar (entre o pôr-se de pé e puxar o autoclismo) disfarçadamente com 1 olhar oblíquo aquilo que depositou na plataforma, avaliando a merda depositada segundo o tamanho, a côr e a consistência. Torna-se saudável pois passamos e ter um controle maior sobre o nosso organismo e a alimentação. Ao mesmo tempo passamos a ter pensamentos do género: "cagalhão mais claro - deve ser das salsichas frescas de ontem" ou "a smirnoff é definitivamente melhor que a petrov - não afecta em nada a consistência do cagalhão, mesmo depois de 1 garrafa inteira". Permite ainda fazermos desenhos quando sentimos que vamos "fazer 1 braço", construir aquilo que pode ser designado por "uma espiral de merda".
Infelizmente não tive ainda tempo para fazer uma investigação sobre a origem da dita cagadeira; nem uma lista de quem eventualmente ainda as fabrique. É uma peça de museu (eventualmente de um museu de merda) que deve ser preservada, uma vez que cumpre na perfeição a finalidade a que se destina. Gostava de ter uma numa futura casa minha.
Bem-hajam,
FRANCISCO MEXIA ALVES
(nota: link colocado por nós)