segunda-feira, abril 12, 2004

POSTE UM BOCADINHO REVIVALISTA
Fui agora a um banco e tive a sensação de estar numa béde tripe, um fláxebéque aos tempos negros do prec e da banca nacionalizada.
Alguns ainda se devem lembrar (com um arrepio de medo) da forma como a maralha era tratada nos bancos, filas intermináveis, caixas mal-encarados, arrogantes, chicos-espertos a furar a fila "só pra pedir uma informaçãozinha" e que sacavam dum saco de plástico cheio de moedas e cheques deixando a ralé completamente possessa. E o caixa a cagar no assunto. E finalmente quando chegava a nossa vez, o gajo fechava o tasco "vou almoçar, passe para outro guichet" e lá íamos outra vez pró fim da fila. Eu por acaso ainda me lembro. E mal começaram a abrir bancos privados, saltei e até acreditei que o sistema ia melhorar e que as pessoas iam ser tratadas com respeito. Claro que sou um sonhador, mas é sempre bom ter esperança, é a fé que nos salva, etc e tal.
Pois a béde tripe que fiz agora foi num banco privado, um que parece que tem a opus dei na administração, devem saber do que falo. Instalações magníficas. Três guichets. Dois gabinetes de praiveite banquingue (parece que é pra clientes especiais com dívidas astronómicas). Fila até à porta (18 pessoas, tive mais que tempo para contar, recontar, fazer a prova dos nove). Apenas um guichet aberto. Uma chica-esperta passa à frente de todos "só pra pedir uma informaçãozinha" e saca de um molho de notas e cheques que a senhora do caixa abre, conta, classifica, separa, carimba. A maralha ia resfolegando, bufando, suspirando. Quando chegou a minha vez, "isso não é aqui. Tem de ir para aquele balcão para tratar desse assunto". "Pois. Mas não está lá ninguém" "É que foram almoçar, mas o senhor espera um bocadinho, que já voltam".
"Um bocadinho." Quando me falam assim ao coração, fico logo desarmado. E lá fiquei um bocadinho à espera.
ANIMAL