terça-feira, julho 19, 2005

O JUÍZ MANDA
O Mondego não tinha um dono, tinha vários. Vivia há dez anos naquele jardim e era alimentado pelos comerciantes da zona, que o consideravam o “seu” cão. Pachorrento e amistoso, o Mondego brincava com as crianças e, como todos os cães, às vezes ladrava. De alegria, claro.
Até que um dia veio morar um juiz para as redondezas. O senhor, que tem dois filhos, desde logo achou que o Mondego era um perigo para as suas crias. Agindo como um predador, o juiz entrou em acção.
A comida do Mondego começou a acumular-se no prato colocado junto à loja de electrodomésticos. Anda atrás das cadelas, pensaram os comerciantes. Mas os dias passavam e o Mondego não aparecia. Quando já se esperava o pior, os comerciantes questionaram um funcionário da Câmara. E o pior confirmou-se: o juiz fez queixa e os serviços foram obrigados a abater o Mondego.
Acabou assim a história do cão pachorrento que não tinha um dono, tinha um bairro.
WALDORF