terça-feira, setembro 30, 2003

ESTROFE V
Dá-me uma fúria grande e ruidosa,
Não de agreste veneta ou Deus-me-acuda,
Essa esquerda canora e belicosa.
Palavreira, a turba deixa muda.
Dai-me igual foco, leitores da prosa,
Aqueles que a inteligência ajuda.
Que se espalhe e se cante no universo
Que a Direita também cabe em verso.
STATLER
ESTROFE IV
E vós, minhas parvinhas, pois criado
Tendes em mim um novo desejo ardente,
Se sempre que vos tenha espreitado
Vinha a mim vosso riso alegremente.
Dais-me agora um “Não!” alto e sublimado,
Um estalo grandíloquo e potente?
Que em vossas casas Príapo ordene,
Vos dê andar diferente e perene.
STATLER
ESTROFE III
Cale-se a televisão dos velhos anos,
Acabe-se o fausto que viveram
Comentadores de cerrados canos
E altercações grandes que tiveram,
Que eu canto o espectador lusitano
A quem SIC e TVI obedeceram;
Cesse tudo o que na TV não canta
Que um Triunfo mais alto se alevanta.
STATLER
ESTROFE II
Mas logo essas memórias gloriosas
Do rei Eusébio se foram lembrando,
E dos que, sem práticas viciosas,
As balizas andaram devastando;
E aqueles que com jogadas valorosas
Vão os adversários eliminando.
Futebol espalharam por toda parte
Enquanto os ajudou o engenho e arte.
STATLER
ESTROFE I
As aulas e os exames acabados,
E a acidental gente lusitana,
Com tustos nunca antes tão contados,
Passou-se e perdeu a tramontana.
Em praias e hotéis sobrelotados,
Mais do que permite a bolsa humana,
Entre gente remota ali gastaram
Novos Euros, que tanto complicaram.
STATLER
MARRETÍADAS
A propósito da edição dos Lusíadas comentada pelo Prof. Hermano Saraiva à venda com o Expresso, os Marretas apresentam aos leitores, totalmente grátis, a sua versão do poema épico, estrofe a estrofe. Hoje apresentamos as cinco primeiras. Aceitamos propostas de mecenato.
MARRETAS
HUMBERT CAMIONISTA
Viajo pela IP5. Á frente, camião TIR. Nas portas do contentor a inscrição infame: TRANSNINFA. É isto, o nosso país. Carregamentos de ninfetas à solta nas nossas estradas e ninguém faz nada. Passámos por uma brigada da GNR que nem sequer mandou parar o veículo longo para verificar as guias de marcha.
STATLER
A COISA AQUI NÃO FICA PRETA
Possibilidade de "apagão" em Portugal é remota, garante Rede Eléctrica Nacional. As cegonhas estão todas controladinhas e debaixo de olho e não vão repetir a gracinha.
ANIMAL

segunda-feira, setembro 29, 2003

OLHA, TAMOS EM QUINTO NAQUELA COISA!
Estava num comment ali em baixo e fui lá de novo, para confirmar. Então não é que de ontem para hoje subimos um ponto? Deixaram alguns fregueses do Júlio de Matos sair com licença de ensaio, foi? O curioso é que agora estamos ensanduichados entre o Diabo e a Esquerda. Ó Statler, que dizes desta vizinhança?
ANIMAL
OS VETERANOS (MEDITAÇÃO SOBRE AS PRAXES - PART TWO)
Bem vos vi, veteranos, doutores, dux, ou lá o que é que se chamam, bem vos vi todos vestidinhos de branco e com as velinhas acesas por Timor e os balõezinhos brancos pelas crianças vítimas dos pedófilos. E com as vossas carinhas pintadas de preto e branco a dizer todos diferentes todos iguais. E com a fitinha da Abraço porque a solidão mata. Como sois tão correctos, tão humanistas, quando os direitos humanos são estraçalhados fora da vista e no abstracto. Timor era longe como o caraças, os skins a bater nos pretos ou os pedófilos a sodomizar rapazinhos está mal visto, faz muito barulho na comunicação social e portanto vocês teriam de alinhar. Mas como a praxe é assunto doméstico, coisa pequena que se faz no recato da academia, e como ainda não houve nenhum caloiro morto por causa disso, bute lá praxar que nós também fomos praxados quando entramos! Pois ó humanistas de pacotilha, a Declaração Universal dos Direitos Humanos por que vocês vociferaram tanto nas manifes por Timor (se calhar nunca a leram, mas isso é outra questão) diz esta enormidade: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade." Razão e consciência? Conhecem o conceito? Perceberam esta parte ou será preciso fazer um desenho?
(próximo fascículo: direito de resposta da comissão da praxe)
STATLER & ANIMAL (frente facho-canhota contra as praxes)

domingo, setembro 28, 2003

OLHA, TAMOS EM SEXTO NO RANQUINGUE!
Vi o linque no desejo casar e fui lá espreitar a ver a quantos estávamos do último lugar. Ou aquela merda está marada, ou é mesmo o mundo a acabar. Em 6º. Nós? Só pode ser engano, pá. Este país tem doidos, ok, mas tantos?
ANIMAL
OS CALOIROS (MEDITAÇÃO SOBRE AS PRAXES - PART ONE)
Oscilando entre a euforia de "ter entrado" e a agonia de uma radical mudança na existência, sujeitam-se a uma das mais asquerosas, acéfalas e indescritíveis cerimónias de "iniciação" à vida académica.
Talvez convictos que tem mesmo de ser assim, tão obrigatório como as propinas, dói assistir às humilhações e ritos cretinos a que se submetem com um sorriso amarelo e subserviência canina.
Isto faz-me pensar na (duvidosa) alegria dos primeiros cristãos que cantarolavam salmos ao serem lançados aos leões ou ao fogo. Na perspectiva desses pobres coitados, tratar-se-ia apenas de uma situação um tanto ou quanto desagradável - um rito de iniciação - necessário para poder "entrar" no reino dos céus. Pelo menos era este o filme que me contavam na catequese.
Pois o ensino superior não é reino nenhum. É só uma escola. Que está numa república. Que tem uma lei chamada Constituição. Que, a páginas tantas diz o seguinte: "A integridade moral e física das pessoas é inviolável" (Art.º 25º § 1). A não ser que as Ordens da Praxe façam lobbying para eliminar este preceito marxista na próxima revisão, e o consigam, o artigo (e a ideia) é para manter.
(continua...)
STATLER & ANIMAL (frente facho-canhota contra as praxes)
BORK!
Finalmente aparece o nosso Chefe! Off the record, confidenciou-nos que andou a vacinar as galinhas dele contra a gripe. Mas como as galinhas são umas autênticas galinhas, bastava verem o Chefe de seringa na mão para imaginarem logo o pior. Daí este tempo todo, passado a correr atrás delas. Portanto, o muitomentiroso não era o Chefe. Agora, só falta aparecer o Waldorf. Vamos ver qual é a desculpa dele. Há-de ser uma história qualquer sobre a próstata, até aposto.
ANIMAL
THERE'S A NEW PHILOSOPHER ON THE BLOCK
Mais concorrência, é o que é. Mas como temos um fair play do caraças damos as boas-vindas ao solipsista. Vale bem o esforço de clicar aqui no linque e ficar por lá a ler o que tem para nos dizer. A título de exemplo, transcrevo isto (sem autorização do autor nem visto da SPA): "Ocorreu-me que, da mesma forma que os grandes pensadores sempre necessitarem de tempo e espaço para pensar, também os desempregados podiam aproveitar e unir forças para meditarem sobre questões universais. Com tanto desemprego em Portugal, estou em crer que rapidamente floresceria aqui um novo período helénico, com avenidas cheias de gente em pose de estatueta de Rodin, ruminando sobre questões fundamentais da existência. Seria um novo Renascimento, o despertar de um neo-iluminismo cheio de promessas... em vez da choradeira materialista, a epopeia idealista... em vez do receio da desnutrição, a desnutrição gloriosa... em vez da lamentação do desemprego, o heroísmo da empresa mental... e talvez, quem sabe, no final se chegasse a alguma conclusão...". Talvez, quem sabe?
ANIMAL
VEM NO PUBLICO. DEVE SER VERDADE.
Trabalho Faz Cada Vez Mais Mal à Saúde
Ao fim de uma década em que o emprego aumentou nos países da OCDE, cresce a insatisfação entre os trabalhadores do mundo industrializado. Num relatório daquela organização sobre as tendências do trabalho, sublinha-se que se trabalha cada vez mais horas e que são cada vez mais os que estão expostos a riscos físicos, os que se queixam de problemas de saúde.
Perante isto, a Intersindical deveria criar um novo slogan: Trabalhar contra o Trabalho!
ANIMAL

sábado, setembro 27, 2003

VAGA IMPRESSÃO
Eu tenho a vaga impressão que já há um marreta de esquerda (mas quando o Animal fala dos alunos tenho dúvidas), dizia alguém ali no Cruzes. Ó camarada, essas dúvidas esclarecem-se num instantinho: vem passar uns dias à Covilhã e circula pela UBI, aprecia as conversas no bar, observa os utilizadores da biblioteca a ocupar computadores para fazer downloads de mpegs porno e mp3 (talvez seja esse o processo pósmoderno de adquirir conhecimentos). Ouve as reclamações e lamentações do corpo discente e, last but not least, assiste às praxes. O movimentos estudantis dos 60’s e 70’s tiveram nos estudantes o sangue e a criatividade. Com estes estudantes (nem todos, atenção!), nem sequer teriam existido. Quando muito, acusariam o de Gaulle ou o Marcelo Caetano de serem comunas...
Mas enfim, para esclarecer algum restinho de dúvida, sempre posso dizer que sou de esquerda não praticante.
ANIMAL
HELICOPTURISMO
Em Lamego um helicóptero dos bombeiros é usado para passeios turísticos. Nada contra. Ali há serviço público. Levar pessoas a dar uma voltinha pelo ar é uma óptima iniciativa de animação de rua.
Mas uma menina da SIC foi lá e não a deixaram entrar no helicóptero. Ressabiada e impaciente, foi logo contar tudo para o Jornal da Noite. Queixinhas! Se eu fosse de Lamego e tivesse ficado privado das voltinhas de helicóptero, agora fazia-lhe uma espera numa esquina.
É o país que temos. Por causa das invejas, as coisas boas acabam depressa.
STATLER
PERÍODO TRIÁSICO, ERA MESOZÓICA
Hoje os Rolling Stones tocam em Coimbra. Óptima oportunidade para os interessados em paleontologia.
STATLER
SERVIÇO PÚBLICO
Destaques do Sexy Hot para o fim de semana:
Hoje, Sábado, sugiro para as 10.30, enquanto comemos uns cereais cheios de fibra, "Meu destino é te comer". Às 12.00, "Sacanagens na sargeta" promete ser um bom aperitivo para o almoço e, à hora do café, "O Olho Mágico do Sexo 34". Aconselho o visionamento dos 33 episódios anteriores para se poder seguir a trama e perceber a história. Durante a tarde, para os adeptos de desportos colectivos, os episódios 4 e 7 do "Clube do Gang Bang". Na programação da noite, "Cabacinhos" propõe-nos uma abordagem didáctica dos prós e contras das inaugurações.
Já pela madrugada de Domingo, logo à meia-noite, "O chamado das taradas", a que se segue um filme histórico sobre "A marquesa de Sade". Sem tempo para ir buscar uma cervejinha ao frigorífico, logo de seguida temos "A Universidade do Sexo", onde as questões da propina máxima e da qualidade de ensino são abordadas com seriedade e, posso afirmar, a fundo. Sem deixar nenhuma possibilidade em aberto. Depois das questões académicas, um documentário técnico, "Loucas por dupla penetração", às 4.30, reabre a discussão sobre a polivalência e a produtividade. Sugiro um pequeno descanso até às 10.30 para ver "Baba, Baby... baba" ou, querendo dormir mais um pouco, marcar o despertador para as 13.25, a tempo de tirar a remela dos olhos e ver "Futebol da sacanagem". A programação da tarde é variada e eclética, permitindo programar a visita dominical ao shopping, vestidos a rigor com o fato de treino da Adidas, e estar de regresso para "O ónibus das devassas" (inspirado nas greves da Carris), "Só as cachorras" (dedicado aos amigos dos animais), "As lojas do sexo", sobre a crise económica e o contributo da indústria do porno para a enxaqueca da ministra das finanças. Por fim, às 21.30, um complemento do canal saúde: "Dr. Bartolomeu e a clínica do sexo".
Não se deitem tarde, que Segunda feira é dia de trabalho. É a nossa vez de sermos fornicados.
ANIMAL
SE OS FACTOS NÃO CONFIRMAM A TEORIA, ELIMINA-OS
Esta máxima de sabedoria académica, pilar de muita da investigação científica que se produz por esse mundo fora, acaba de ser confirmada, pelo Império, como dogma da ciência política: "O facto de ter sido difícil, até aqui, obter provas materiais [das armas de destruição maciça no Iraque] não significa que essas provas não existam" (Jack Straw)
É sempre bonito ver a política seguir humildemente os preceitos da ciência.
ANIMAL
EU ESTIVE LÁ
Pelo segundo ano consecutivo, a escola secundária da rede pública com melhor média nos exames nacionais do 12º ano foi a Escola Secundária D. Maria em Coimbra. Foi lá que fiz o meu 12º ano, finalizado com uma PGA e uma específica de Filosofia. Foi há 13 anos, é verdade, e eu não contribui absolutamente nada para estes resultados dos últimos anos. É como ver uma ex-namorada grávida. Não contribuímos nada para o efeito, mas um gajo fica satisfeito por ver ali resultados.
STATLER
MARTELA-TOMATES
Este é um contributo para a tese de doutoramento do ZDQ sobre os "empata-passeios". Além dos especimens recenceados, da caminhada sincronizada, dos ziguezagues (acho que inspirados em António Guterres) e do pára-arranca (inspirados em Durão Barroso), existe pelo menos mais um - e perigosíssimo - exemplar. Normalmente do sexo feminino, baixa e roliça, anda lentamente mas imprime aos braços amplos movimentos de alavanca como contrapeso ao movimento dos membros inferiores. Tendem a acertar-nos com toda a força na genitália precisamente no instante em que nos preparamos para ultrapassar. Não têm um retrovisor visível, mas há concerteza um mecanismo de observação, pois, por mais que se tente antecipar a trajectória e fazer um movimento de anca para desviar a pancada, acertam sempre. Proponho a designação de Martela-Tomates para este especimen.
ANIMAL
JÁPE DA UPE
Este gajo faz-me lembrar o Jabba the Hutt. Lembram-se? Star Wars dos antiguinhos, o gajo é uma bizarma, come lagartos vivos e mete o Harrison Ford, por causa duns dinheiritos, num molde de carbono? Tão a ver? Jaap de Hoop, Jabba the Hutt... serão parentes?
ANIMAL

sexta-feira, setembro 26, 2003

PERGUNTA CONSPIRATIVA
Porque é que o Waldorf e o Chefe Sueco deixaram de escrever nos Marretas desde que surgiu o Muito Mentiroso? Responda quem souber...
MMMMMM
(Marretas Muito Mas Mesmo Muito Maledicentes)
RESPONSABILIDADE JUDICIAL
Anda tudo em alvoroço porque um juiz disse que partia aquela merda toda. Os Marretas acham que o juiz em causa devia comparecer num jornal televisivo das 20 horas à sua escolha para esclarecer "os portugueses" àcerca da natureza e da consistência da merda que quer partir. Nós sabemos que estão sempre a dizer que os juízes são irresponsáveis, mas para tudo há limites.
STATLER
RECENSÃO
Seguindo a recomendação de uma visitante do blogue, a propósito do concurso de tirar macacos do nariz, já li o "João Porcalhão", de David Roberts, editado pela Dinalivro. Faço a minha análise da obra, seguindo o modelo proposto há dias pelo Pedro Mexia (A HISTÓRIA DUMA GAJA): Argumento fixe, personagens secantes (em especial a mãe e o pai do João) e final (e moral) fatelas como o caraças. Destaco a magnífica ilustração de um burrié verde fluorescente (parece um autêntico fragmento de kriptonyte) no momento em que se despede do mundo antes de ser devorado pelo João. Está aqui uma causa nobre: que tal criar um movimento cívico contra o tratamento desumano dos burriés? Podia-se até integrar a questão na agenda da Nova Democracia...
O preço do livro dá para assinar o Sexy Hot durante 3 meses.
ANIMAL

quinta-feira, setembro 25, 2003

TEASING: FRENTISMO FACHO-CANHOTO
Durante as próximas semanas dedicaremos alguns posts a chamar todos os nomes feios de que nos lembrarmos (e alguns que os leitores sugerirem) a quem ainda se dedica às práticas idiotico-medievais a que a cambada chama "praxes".
Vão preparando a água e a farinha.
ANIMAL & STATLER
CRITÉRIOS DESIGUAIS
Tenho reparado que no programa Levanta-te e Ri (e não só), os Delfins são o alvo preferido dos comediantes portugueses. Sempre que a piada envolve um grupo musical, lá estão os Delfins na baila. Eu gosto que gozem com os Delfins, parece-me até uma necessidade humana básica daquelas da base da pirâmide de Maslow.
Mas, meus senhores, e os Pólo Norte? Ou os Santos e Pecadores?
Não se faz, atirar os ovos todos à mesma besta.
STATLER
AFINAL NÃO É SÓ NAS ANEDOTAS DO ROCHA
No Telejornal da RTP de ontem, a propósito da anunciada intenção do Vaticano de proibir as mulheres de ajudarem na Eucarisitia, uma mulher respondia assim ao vox populi: "Acho mal. As mulheres é que ajudam, elas arranjam as flores, recolhem as esmolas, aliviam o sô Padre..."
Agora percebem-se as verdadeiras razões do Vaticano. O voto de castidade não se compadece com alívios.
STATLER

quarta-feira, setembro 24, 2003

BICHA E VEADO NÃO ERAM SINÓNIMOS
À saída de casa de um amigo, que reparte a habitação com três cadelas, uma delas começou a lamber o saco de viagem onde transportava a minha roupa. Ao tentar afastar a cadela o dono inquiriu: "O que é que ela te está a fazer?". Respondi: "Está a lamber o meu saco." Rimo-nos da quase gaffe. Digo quase, porque nenhum de nós é brasileiro. Felizmente, a geografia ainda determina a semiótica.
STATLER
SMS MACHISTA DO MÊS
No início da (longa) viagem feita em transporte público de Lisboa para a Covilhã, digo a um amigo (por sms) que estou acompanhado de um caderno de notas Moleskine, dois jornais diários e três nórdicas (boazonas). Resposta imediata: "Tudo coisas de usar e deitar fora, portanto."
STATLER

terça-feira, setembro 23, 2003

THE WISE MAN
Mais um profundíssimo texto onde Luís Delgado partilha com os pobres mortais a sua sabedoria olímpica. Fiquei impressionado com a clarividência demonstrada ao afirmar que "(...) [d]o discurso de Bush, (...) não coincide, de todo, com o que pensa a França e a Alemanha." Notável. Também me senti arrebatado com a ideia de que "Portugal (...) será igualmente, à sua escala, um interlocutor importante nesta nova ordem global." Que bom. Vamos ser importantes.
Mas a pergunta mantém-se: qual é o papel da ONU?
Atrevo-me a sugerir um: Higiénico. Espera-se que vá limpar a merda que os outros fazem.
ANIMAL
HAIKUZINHO
Um supositório
é um auditório
onde se fazem suposições.
STATLER

segunda-feira, setembro 22, 2003

COMO TE COMPREENDO, RAPARIGA!
Beyonce Knowles está cansada de ser sexy. Deixa lá: mais uns tempos e isso passa. As rugas. A celulite. As estrias. As mamas descaídas. A casca de laranja. O bigode. Depois começas a ser apreciada pela tua inteligência.
ANIMAL
CABAZES DISSO SÃO ELES...
Uns estudantes de Coimbra foram entregar ao Ministério da Ciência e do Ensino Superior rolos de papel higiénico no valor das propinas que terão de pagar. Pacheco Pereira insurge-se e pergunta como é que não passa pela cabeça destes rapazes levar livros nesse valor para mostrar ao ministro a quantidade de livros que não vão poder comprar para pagar as propinas. É fácil perceber a atitude dos estudantes. Primeiro, são ambos feitos de papel. Segundo, a maioria dos estudantes pega mais vezes em papel higiénico que em livros. Terceiro, o papel higiénico vem em branco e pode proporcionar umas óptimas cábulas.
O que me deixa perplexo é que tal demonstração não tenha sido feita com mais imaginação, utilizando o valor das propinas num cabaz de compras com todos os produtos fundamentais para a vida de um universitário, composto por:
- preservativos (para impressionar as raparigas; na realidade nunca se chegam mesmo a usar);
- cerveja (ajuda a arrotar à frente da polícia);
- papel de cozinha (função multiusos de papel higiénico, lenços, guardanapos e cortinados);
- pílula do dia seguinte (para negociar com um amigo enrascado por troca com duas grades de cerveja e três garrafas de vodka);
- vodka (porque sim);
- pão de forma (mantém o sabor e consistência mesmo depois de ganhar bolor);
- Playboy americana (para exercitar o inglês);
- vinho (qualquer colheita de qualquer região);
- vários pares de óculos escuros (para usar nas aulas e nas discotecas);
- senhas de combustível (para ir de carro à universidade que fica a trezentos metros);
- Gina's (para criar hábitos de leitura e aprender a escrever).
STATLER
SÓ SE ENGANOU NAS QUANTIDADES

«Se fosse anunciado que um grupo de homens de espírito fácil iria fazer um strip-tease num local diante de público, as únicas mulheres que iriam ao espectáculo seriam umas poucas adolescentes tardias, uma ou duas velhas solteiras psicopatas e uma data de mulheres indignadas pertencentes ao Grupo de Apoio às Mulheres da paróquia.»

H. L. Mencken
"The Lure of Beauty" in In Defense of Women, 1922

domingo, setembro 21, 2003

FORÇA DE VONTADE
Um jovem conclui o 12º, faz os exames de acesso e consegue entrar numa Engenharia qualquer, no Porto. E pede um Ibiza Tdi ao velho. O velho tenta dizer-lhe que as coisas estão difíceis, o dinheiro está curto, talvez para um Corsazito em 2ª mão ainda desse, mas um carro novo, não. O jovem exige o Ibiza Tdi. Senão, não vai para a faculdade.
E pronto. É ver o jovem, ufano, ao volante do seu novo carrinho, directo da discoteca para as aulas!
Assim se demonstra como querer é poder. Só me pareceu, nesta história, que o jovem não demonstra grande ambição. Poderia exigir um Z3 ou algo no mesmo segmento, e contentou-se com um reles Ibiza. Depois admiramo-nos por estar como estamos. Não há ambição. É triste.
ANIMAL

sábado, setembro 20, 2003

O POSTE QUE NÃO CHEGOU A SER
Tinha um poste engraçadíssimo para escrever aqui. Mas desde que o pensei até chegar a esta janelinha, tive de ligar o computador, ligar à net, ligar ao blogger. E isso leva tempo. Tanto tempo, que me esqueci do que vinha escrever.
Há quem lhe chame Alzheimer, mas não conheço ninguém com esse nome.
ANIMAL
SE É CARNAVAL É EM MARÇO
O correspondente do Público em Nova Iorque, numa reportagem de página inteira sobre as próximas eleições nos EUA, designa o processo eleitoral que se aproxima na Califórnia por "bizarro carnaval eleitoral" (últimas linhas do texto).
Pensava eu que o referendo californiano tinha sido convocado segundo a legislação do estado e que todos os candidatos cumpriam os requisitos exigidos pela lei. O senhor Pedro Ribeiro faz-nos o favor de nos iluminar. Referendos? Bizarro! Actores candidatos? Carnaval! Que isto de eleições é uma coisa séria. Provavelmente, o jornalista do Público também deve pensar que esta cena do povo andar para aí a votar é assim um bocadinho circense. Que fiquem mas em casa e deixem a política às pessoas sérias. Ora essa.
STATLER

sexta-feira, setembro 19, 2003

MIL E UMA MERDAS
Os Marretas estão em condições de revelar a principal razão do senhor Al-Merdas querer proibir a venda da Barbie na Arábia. A verdade é que a Sherazade das Mil e Uma Noites não pode competir com uma Barbie Mil Broches, por razões evidentes, mesmo proporcionando uma madrugada a mais.
Os Marretas sabem que Al-Merdas também ficou escandalizado com a dita Barbie a propósito do número de broches incluído na boneca. O sheik considera-a uma afronta ocidental ao costume àrabe de estender as sagas por mil e uma noites. "E na última noite, como é? Um gajo fica ali à mercê da sarapitola? Não brinquem com as nossas tradições, cães capitalistas!" Razão tem o Prof. Huntington.
STATLER
(com ajuda assinalável de Fatchary numa marretadinha no poste SE O AL-MERDAS SABE DESTA...)
PERFIL A RÉGUA E ESQUADRO
O amigo Zé Mário arrisca um perfil do bloguer português. Não sei se corresponde à verdade sociológica, mas pelo menos assenta-me na perfeição. Vejamos:
- 30 anos: tenho 31, mas não é significativa a diferença.
- solteiro ou divorciado: fui ver o BI, diz que sou solteiro, por isso confere.
- classe média urbana: se considerarmos Coimbra, onde vivi até aos 18 anos, e a Covilhã, onde vivo desde então, como cidades (um critério muito à larga) então também está certo.
- com acesso fácil à internet: acedo via Cabovisão sempre que há rede. Fora os murros na parede sempre que a ligação é cortada, podemos chamar-lhe um "acesso fácil".
- uma profissão que exige hábitos de escrita diária: um tipo sempre vai lendo e escrevendo para dar as aulitas, pronto. Acaba por condizer. Depois ZMS abre um parêntesis para escrever isto: «doutorando em vias de terminar a tese». Ó Zé, quando dizes "em vias de", é uma interpretação a la longue? Tipo "um dia mais tarde"? Se for, preencho os parâmetros todos do perfil inventado pelo Zé Mário. Coisa que mais nenhum dos outros Marretas se pode gabar. (Principalmente o Animal que me parece não cumprir nenhum dos critérios. Mas disso dará ele certamente conta.)
STATLER
NÃO SEI, STATLER...
Sobre esta história da Barbie Mil Broches, acho que haveria umas coisas a discutir antes de encomendar. Até posso ficar com a minha, ok, já foi paga, mas fui espreitar ao catálogo, e lá diz que "A Barbie vem com uma máquina de fazer broches que permite a você criar seus próprios broches". O Statler, que diz ser conservador, embarca nestas modernices de máquinas de fazer broches; eu, que pelos vistos sou canhoto, radical e não sei que mais, continuo a preferir a coisa au naturel. Mas ainda pior é aquela ideia (só podia mesmo vir de uma sociedade fanática do individualismo) "que permite a você criar seus próprios broches". Destas coisas, a solo, só conhecia o clássico cinco-a-um. Auto-broche? Só se fosse contorcionista. Para essas coisas não ponho as minhas ricas vértebras em risco, ai não ponho, não.
É por estas e por outras que aquelas meditações sobre esquerda-direita-liberal-conservador dificilmente permitem chegar a conclusões seguras. Se calhar o tal Al-Merdas tem alguma razão. Ou então não conseguiu o franchising da barbie para a terra dele e decidiu retaliar.
ANIMAL
SE O AL-MERDAS SABE DESTA...
Como se soube (thanks, RAP), o sheik Al-Merdas quer proibir a venda da Barbie nas Arábias.
Depois, avisado pelo Segredo do Quarto da Fátima e pelo Cabaret da Coxa, fui ao site oficial da Barbie descobrir uma das últimas inovações. A boneca mais famosa do mundo, agora em versão para graúdos, a Barbie Mil Broches.
Diz o texto de apresentação da nossa boneca preferida: «Faça broches super modernos que você pode realmente usar!» Aqui nos Marretas já mandámos vir uma para cada um. Podemos ser conservadores, mas gostamos de broches super-modernos. Já o Al-Merdas é gajo para não gostar.
STATLER

quinta-feira, setembro 18, 2003

PEDAGOGIA POLICIAL
Hoje deixei o carro estacionado num sítio abundantemente sinalizado a informar que era proibido. Mas estacionei na mesma, com esperança que a polícia andasse distraída para outro lado. Quando lá cheguei, vi o papelinho da praxe preso no limpa pára-brisas. Porra! Puta de sorte! Lá veio a bófia facturar! Mas não. Era um simpático texto do novo comandante da PSP a dizer que não estava multado, garantindo-me que também não o seria da próxima, pois da próxima teria o cuidado de estacionar em local apropriado. Porque assim, sem problemas com o trânsito, os polícias passariam a ter mais tempo disponível para combater os maus. Foi bonito e pedagógico.
É caso para dizer: antes do 25 de Abril não havia disto!
ANIMAL
SÓ MINHA É QUE NÃO É
O 24 Horas noticiava ontem o casamento da Princesa Stéphanie com um português artista de circo mas nem por isso palhaço com o seguinte título: "STÉPHANIE É NOSSA". Facto indesmentível, a Stéphie sempre teve esta tendência para ser de todos. Na realidade, sempre achei que o título de "Princesa do Povo" se lhe aplicava muito melhor a ela, uma vez que ao contrário da Spencer, esta já foi e continua a ser, literalmente, do povo todo. O jornalismo quando é feito com rigor é outra emoção.
STATLER
ESTÁ MAL
Graças à concorrência desleal e ao golpe de marketing desferido pelo Primeiro Ministro e pelo Ministro da Economia, o Teatro São Carlos adia temporada lírica para Janeiro. De facto, não se faz! Com tudo programado, os convites na tipografia, os smokings alugados e vêm aqueles gajos dizer que em 2010 vamos ser uma das economias mais competitivas da Europa? Assim, não se pode trabalhar!
ANIMAL
DO WHATEVER YOU WANT
Kumba Ialá "é livre para fazer o que quiser", afirma Comité Militar. "Pode mesmo organizar um golpe de estado, que nós cá estaremos para apoiá-lo (caso ganhe, claro)". Estes militares pósmodernos...
ANIMAL
TERAPÊUTICA
Olho para o interessantíssimo trabalho burocrático que tenho sobre a secretária. Ao lado, uma pilha de exames de recurso, observa-me, expectante. Livros que ainda não tive tempo de abrir. Apetece-me mesmo é fumar um charrito. Com fins exclusivamente terapêuticos, claro. Mas parece que é ilegal. Portanto, fico-me pela vontade. Isso ainda não é ilegal, pois não? A vontade.
ANIMAL

quarta-feira, setembro 17, 2003

A REALIDADE NÃO É CONOSCO. A REALEZA, SIM.
Pois é verdade, mai pípal, os Marretas já têm nas suas fileiras um príncipe consorte (ou com sorte, isso ainda está para ver). Ouviram falar da Princesa Stephanie ter casado com um acrobata português? Pois é. O Gonzo, o nosso Gonzo, desde 6ª Feira tem sangue azul.
Só falta a Miss Piggy deitar o chispe ao herdeiro do Liechenstein, ou mesmo ao nosso vizinho, Príncipe das Astúrias. Estamos no bom caminho!
Agradeço o link ao/à poingpoing que teve a gentileza de nos informar (o cheque segue dentro de dias).
ANIMAL
DIZEM:
Rigor orçamental é para manter vários anos.
Digo eu: o Rigor Mortis também. Estamos cadáveres e ainda não demos por isso.
ANIMAL
PRODUTIVIDADE? DEIXEM-NOS TRABALHAR!
O famoso relatório da produtividade diz que Enquanto um trabalhador português «cria» riqueza no montante 16,4 euros por hora, o belga produz 36,3 euros. O holandês 33,4 euros e, mesmo o caótico italiano consegue um valor acrescentado de 32,2 euros ao seu trabalho, donde se conclui facilmente que ou as nossas máquinas gráficas e fotocopiadoras a cores estão a precisar de revisão, ou a PJ dificulta demais o trabalho aos nosso fabricantes free-lance de papel-moeda.
ANIMAL
OU ENTÃO...
...o Pinochet poderia ter desempenhado uma função, digamos, de penso higiénico: esforçou-se por reter aquele fluxo vermelho. Mas depois, como qualquer penso higiénico usado, foi para o lixo.
ANIMAL

terça-feira, setembro 16, 2003

SOL DA MEIA NOITE
Tinha ouvido de raspão o Prof. Marcelo a falar disto, mas pensei que fosse uma ideia para prolongar o dia até às 29 ou 30 horas, de forma a poder ler mais 7 ou 8 livros por dia. Mas parece que é mais sério: o governo pondera acertar a hora legal com a Europa. Já tivemos disto nos tempos negros do cavaquismo. Lembro-me de dar aulas às 8.00, noite cerrada, e assistirmos ao nascer do sol por volta das 9.15. Poético. Mas disfuncional como o raio. No Verão, fui daqui até Budapest sem mexer no relógio. Só que em Budapest, a noite surgia a horas decentes, como qualquer noite honesta; aqui, às 23.00 ainda havia claridade. Mais um bocadinho, ó governo, porque não acertamos o relógio com Moscovo, por exemplo? Assim, tinhamos mais um atractivo turístico: o sol da meia-noite. Era uma punição exemplar aos suecos, esses ingratos que não quiseram entrar no Euro. Sacavamos-lhes os turistas, facturavamos bué e os gajos faliam. E depois eles entravam no Euro e a Europa ficava muito feliz.
Ou então, se o argumento são os negócios, devíamos acertar a hora com o Brasil - parece que é o nosso maior mercado. Com uma vantagem adicional: os turistas portugueses deixavam de ser atormentados pelo jet-lag ao chegarem de Fortaleza, e a produtividade não se ressentia.
Lembro-me que a primeira medida do primeiro governo Guterres foi exactamente revogar essa lei. Como andamos sempre nestas merdas das alternâncias, por favor, não façam isso: os senhores que se seguem, revogam. Tentem fazer leis e governar decentemente. Não nos fodam mais do que o necessário. Muintóbrigado.
ANIMAL
PROBLEMAS DE LEITURA
Se calhar, o interessantíssimo debate sobre os onzes de setembro e a ramificação sobre o Pinochet deveu-se a um mero problema de leitura. Do Brasil chegaram lamentos sobre as pessoas não saberem ler. Possivelmente, tudo isto foi originado pela confusão entre um acento agudo e um circunflexo: dizia-se que o Pinochet teve um papel higiênico na limpeza do Chile pós-Allende; o pessoal aqui confundiu higiênico com higiénico. Daí a confusão. Higiênico, como todos sabemos, em Português de Portugal é sinónimo de grandecíssimo filho da puta.
Esclarecida a confusão, encerra-se o debate. E retoma-se a discussão sobre u akôr durtugráfiku.
ANIMAL
SOLIDARIEDADE ENTRE IGUAIS
Os Marretas, peluches conscientes da discriminação a que os humanos sujeitam toda a bonecada, apelam para que acabem de vez as piadas com José Castelo Branco, só por este ser todo feito em cera, silicone e latex.
STATLER
VARIAÇÕES SOBRE UM TEMA
Se um desconhecido te oferecer flores, isso é Impulse.
Se um desconhecido te oferecer boleia, isso é perigoso.
Se um desconhecido te oferecer porrada, isso é porque alguma lhe fizeste.
Se um desconhecido te oferecer dez contos, isso é contigo.
STATLER
PEQUENAS DESGRAÇAS DO QUOTIDIANO
No Jornal Nacional da TVI, Manuela Moura Guedes entrevista três adolescentes. Uma delas revela em público e em primeira mão a sua iniciação sexual. Amanhã, prevê-se que MMG entreviste os pais da garota, revelando em público e em primeira mão, a tareia que deram na filha, embora estejam orgulhosos dela. Quarta-feira estará presente o namorado da pequena, contando em público e em primeira mão como os amigos o ostracizaram quando descobriram que afinal ele não anda a comer a Rita Mendes como lhes dizia.
STATLER
SÓ VIM VER A BOLA
Dois J's da blogosfera (J e J) ficaram muito incomodados com um comentário que fiz a um poste lá para baixo. Disse eu (e repito) que não conheço suficientemente a situação no Chile para achar que as afirmações do Claudio Téllez, bem mais próximo de tudo o que se lá passou, fossem falsas.
Não sei se o Claudio defende Pinochet ou não. Disso dará ele conta. Acontece que nos comentários ele apenas relatou alguns episódios passados durante o governo de Allende que, a serem verdade, são típicos de um governo ditatorial. O srs. J e J não gostaram que alguém dissesse mal de Allende. E irritaram-se comigo.
Infelizmente continua a ser típico de alguma esquerda achar que não considerar todos os governos socialistas do mundo a última das maravilhas é um negacionismo das ditaduras de direita. Mais ou menos o mesmo que chamar comunista a todos os anti-salazaristas.
Eu não gosto de Pinochet. Não gosto de nenhum ditador. Em nenhuma parte do mundo. Este J pensa que quem não gosta de batatas, obrigatoriamente come arroz. Logo, se acredito no que diz Claudio a propósito de Allende, sou um acérrimo defensor de Pinochet. Claro como água.
Não sei se o Claudio diz a verdade ou não. Não conheço nada do que se passou no Chile. Repito para ninguém se esquecer: Eu não tenho razões para acreditar que os relatos feitos pelo Claudio, que é de origem chilena, não são verdade. Só isso. Se vocês acham que o Claudio está a mentir acerca do governo Allende, por que raios não o desmentem?
Entendidos? Presumir daqui que aplaudo as atrocidades que Pinochet promoveu é uma filha-putice indecorosa.
STATLER

segunda-feira, setembro 15, 2003

THEODOR ADORNO, 1903-2003
O dia 11 de Setembro assinalou o centenário de Theodor Adorno, um marxista crítico que pensava que a alienação e a dominação não se davam nas fábricas com o trabalho operário, mas na rádio, na tv ou no cinema com a cultura de massas.
Não sou nada frankfurtiano, mas quando vejo televisão parece-me que o senhor talvez tivesse alguma razão, embora com uma pequena diferença. Adorno referia-se ao consumo da cultura pelas massas e não o contrário.
(A propos, Eduardo Cintra Torres no Público: « Por cá, os últimos proletários estão todos no Jornal Nacional da TVI.»)
STATLER

domingo, setembro 14, 2003

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS
Fui comprar tabaco e o jornal num shópingue da Covilhã, e ouvi esta conversa (eu sei que é feio ouvir as conversas alheias, mas ouvi na mesma) entre um miúdo de 9 ou 10 anos e o pai:
- É obrigatório, pai!.
- Obrigatório? De certeza?.
- O setôr disse que é obrigatório. Tens de me comprar um computador.

Vi a expressão preocupada do pai. Vi-o a olhar para a loja dos computadores, na outra extremidade do corredor. Pensei: "Este vai cair..."
ANIMAL

sábado, setembro 13, 2003

VANTAGENS DO PLANEAMENTO
Fui ver ao calendário em que dia da semana iríamos apanhar com o QQ 47 na tola, caso aquela probabilidade em 909.000 prevaleça. 21 de Março de 2014 vai ser uma sexta-feira. Assim, dá tempo para limpar os destroços durante o fim de samana e regressar ao emprego na segunda feira.
ANIMAL
ALEGRIAS DA PATERNIDADE
A falta de ideias levou-me a dar uma volta pelos blogues do costume e aos outros a que o acaso dos links me faz chegar. Encontrei uma disputa estúpida por causa do 11 de Setembro. O meu (das Twin Towers) foi pior que o teu (do Allende) e vice-versa e verse-viça. Adiante. É um tipo de polémica cujo resultado produz algo de semelhante a um debate entre Berlusconi e Alberto João Jardim sobre a influência de Santo Agostinho e Heidegger no cultivo de beringelas em estufa. Com a mediação de Pacheco Pereira e Nuno Rogeiro, claro.
Dei apenas conta de uma notícia com algum interesse, do cruzes, a avisar-me que as norueguesas se estão a transformar em predadoras sexuais. Amigos da onça, só avisam depois de eu chegar de viagem. Da Holanda à Noruega era um saltinho, e podia ir lá confirmar a informação. Agora, depois de cá estar é que me dizem...
A única notícia que me chamou a atenção, e me despertou a veia (corrijo: o capilar) foi a de que um dos gatos procriou. Fico satisfeito por haver mais um pobre desgraçado (no caso, uma pobre desgraçada) que dentro de alguns anos há-de ter um emprego onde fará descontos para a segurança social, de modo a poder-me sustentar a reforma...
Agora, a futurologia: com um pai assim, a Ritinha será provavelmente uma miúda careta, uma conservadora tradicionalista, que aos cinco anos repreenderá o velhote por ser tão infantil e imaturo. Sei do que falo: a minha, com oito, ficou escandalizada comigo quando a desafiei publicamente para um concurso de tirar macacos do nariz. Ganhava tem tirasse mais, ou o maior ou o mais verde. Anda um pai a criar um filho para isto... só desgostos...
Entretanto, a senhora que faz o favor de dormir comigo quer dar os parabéns ao pai babado que, mesmo sabendo que os pais babados são ridículos, insiste em ser pai babado. (Acho este pensamento estranhamente retorcido, mas, vindo duma mulher - especialmente duma mulher que vive comigo - acaba por ter sentido. Ou não?)
Por fim, uma palavrinha de encorajamento: Coragem, Ricardo, o mais difícil são só os primeiros trinta anos!
ANIMAL
A AVIONETA NA AUTOESTRADA
Vi a notícia no telejornal. O êxito da manobra e a perícia do piloto. A frustração dos repórteres por não conseguirem umas imagens fixes de um avião enfiado num autocarro cheio de excursionistas do Inatel.
Mas ficam questões por responder. O avião tinha título de portagem? Era classe 1 ou classe 2? Tinha Via Verde? O piloto vai ser constituído arguído no processo da Casa Pia? Vai ser convidado para algum debate televisivo com o Pacheco Pereira?
ANIMAL

sexta-feira, setembro 12, 2003

VÊ LÁ ISSO
O Gato RAP está chocado com a frase de Berlusconi "Mussolini não matou ninguém". Caro Ricardo, sempre tão preciso com as palavras, desta vez deixaste-te levar pela emoção. O que disse Berlusconi? Que Mussolini não matou ninguém. Não disse que não mandou matar ninguém. Devíamos elogiar o primeiro-ministro italiano pelo seu rigor, isso sim.
STATLER
ORGULHO
O Animal plagiou uma criação minha.
A minha gata é uma criação de uma gata dele.
Desculpem o esquerdismo, mas "caramba, pá, isto anda tudo ligado" é o que me apetece dizer neste momento de emoção. (Sentir alguma emoção faz também parte do esquerdismo - além de ser um bocado efeminado. Peço desculpa.)
STATLER
PLAGIANDO O STATLER

***


a falta de ideias é uma coisa tão triste...
ANIMAL

quinta-feira, setembro 11, 2003

PODER / AMAR
A propósito do que se escreveu por aí contra o expansionismo americano na imprensa e nos blogues, relembro-me que já em 1952, no livro Containment or Liberation, James Burnham escreveu que os americanos ainda não tinham aprendido a trágica lição que os poderosos não podem ser amados. Burnham explicava lucidamente que os homens ou países com mais poder podem ser odiados, invejados, temidos, obedecidos, respeitados e até honrados, mas nunca, nunca amados.
STATLER
PESSOAS? QUE PESSOAS?
Daniel Barnabé Oliveira: «O dia 11 de Setembro de 2001 foi um dos dias mais dramáticos para a esquerda, em todo o Mundo
Claro. Para a esquerda. Para os 3000 que lá morreram e seus familiares nem por isso. É o conhecido sentimento humanitário da esquerda.
STATLER
11 DE SETEMBRO
Excepcionalmente, deixo aqui um link para um artigo meu publicado hoje no jornal O Interior a propósito do 11 de Setembro. Chama-se Ensaio Lógico-Sentimental. É mais sentimental que lógico e é um ensaio que ainda não é sequer geral. Estejam à vontade.
STATLER

quarta-feira, setembro 10, 2003

E NÃO É QUE O BARNABÉ É MESMO DIFERENTE DOS OUTROS?
O ex-itálico do BdE Daniel Oliveira abriu uma Barnabearia por conta própria. A abrir, volta à polémica da pornografia, e escreve: «Sou favorável à pornografia, à legalização da prostituição e à perversão e libertinagem em geral. Sou favorável à exploração do corpo, em geral, da mulher e do homem, desde que com consentimento e mesmo que sem sentimento. Sou alérgico a todo o tipo de puritanismo
Realmente, Daniel, a esquerda não é como a direita quer. Se fosse, não concordava com ela em assunto nenhum. E estou tão de acordo com o que escreveste acima que até chateia.
De todas as formas, o Daniel não me desmentiu sobre a posição clássica de alguns sectores da esquerda, nomeadamente a académica, sobre a pornografia. São contra, repito, por ser um atentado à dignidade das mulheres e uma exploração comercial do corpo. (E as palavras não são minhas, acreditem).
STATLER
YOKO ONO DE NOVO NUA PELA PAZ
De cada vez que estourar um homem-bomba, vou a Gaza ou a Jenin, e dispo-me. De cada vez que Israel disparar um míssil ou entrar com os tanques pelos territórios palestinianos, vou a Jerusalém e dispo-me.
É capaz de dar resultado... A Teresa Guilherme é que podia dar uma ajudinha... só a ameaça de a verem nua deve funcionar como força de dissuasão.
ANIMAL (Naked for peace)
ISTO ANDA TUDO TROCADO
JPH, da famosa Glória, voltou a defender a exibição da pornografia. Daniel Oliveira, um itálico residente em casa dos manos de Esquerda, também se mostra desconsolado com o fim dos filmes XXX no canal 18. E eu que sempre li a esquerda a atacar a pornografia por ser um atentado à dignidade das mulheres e uma exploração comercial do corpo. Alguém me explica o que se passa? Está tudo maluco? Ou é apenas má vontade contra qualquer coisa que este governo faça?
STATLER

terça-feira, setembro 09, 2003

POSTES DE PALHAÇO, COMENTÁRIOS SÉRIOS
Um insignificante poste escrito por moi même (CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU) deu origem a uma interessantíssima discussão nos comentários entre Miguel Madeira e Rui Oliveira sobre Israel e a Palestina. Eu concordo com muito do que diz Rui Oliveira. Mas vale a bem a pena ir ali abaixo e clicar nas "marretadinhas". Finalmente, um momento de elevação nos Marretas.
STATLER
ÀS VEZES
Diz o escriba deste blogue que "às vezes fica-se com a impressão de que ninguém aprendeu nada nos últimos quarenta anos."
Fica-se, não fica-se?
ANIMAL
MERCHANDISMO-LENINISMO
Li ontem no Público que na festa do Avante! as t-shirts com a cara do Estaline se venderam como cerveja em copos de plástico. Aqui no camarote já mandámos fazer umas t-shirts para nós, umas com Lady Thatcher, outras com Mr. Reagan. O combate não pode esmorecer, nem nas camisolas.
STATLER
RESPEITEMOS OS MAIS VELHOS
Lev Tolstoi nasceu há 175 anos.
STATLER
ALINHAMENTO ENCARNADO
Sequência de notícias no Jornal de Desporto da TSF das 12.30:
Eleições no Benfica, 10 minutos (há noticiários à hora certa que demoram menos do que isto). Selecções AA e Sub-21 de futebol. Treino da equipa de futebol do Benfica, com entrada do repórter em directo do local dos treinos. E foi tudo.
Definitivamente, a TSF tem preferência pelo vermelho, seja na política ou no desporto.
STATLER
AUTOFOBIA
Não durmo - dado verdadeiro - há umas 36 horas. É a insónia mais prolongada da minha vida. Não me assusta o cansaço físico ou as dores nos olhos. Aterroriza-me sim o facto de passarem dois dias consecutivos sem poder descansar de mim próprio.
STATLER
NOITE, COMO É?
O sono ausente, a má disposição permanente. As pestanas ensaiam bailados inseguros. A noite torna-se manhã. Chega o sol com a luz áspera e o céu é de azul arrogante.
STATLER
CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU
Ahmad Qorei, primeiro-ministro indigitado da Palestina, afirmou que só aceitava o cargo se tivesse garantias dos EUA e da UE de ser possível garantir a paz na região. Acho que o senhor, para começar, talvez não fizesse mal em procurar essas garantias junto dos seus.
STATLER
PORN TO BE WILD (OU ENTÃO NÃO)
O Statler começa por dizer que "A pornografia é um assunto que me interessa bastante em duas vertentes diferentes (...)". E continua por aí fora a falar de "lados" e a inevitável questão da esquerda e da direita e das "posições" que cada "lado" assume perante o fenómeno.
Ora bem. Vamos meter ordem na tasca! (Sim, sou eu, o Animal a querer pôr ordem nisto, vejam só! Mas há assuntos com que não se brinca...). Cá por mim, interessam-me os lados todos, todas as posições e variações sobre o tema (excepto uma ou duas que vi na sex-shop em Amsterdam - embora aceite que haja gostos para tudo).
O Canal 18 tinha uma função democratizadora da coisa. Um gajo tímido (como eu), tinha a possibilidade de aceder discretamente a uma proto-pornografia (digamos que em termos gerais, de nível zero: qualidade da imagem, do argumento, da realização e dos figurantes), mas que poderia desenvolver a vontade de aprender mais, saber mais; que poderia desencadear processos de investigação e aprofundamento das matérias abordadas, levando-o à procura de lojas on-line ou sex-shops "reais" para ginasticar o cartão de crédito e arejar o livro de cheques. Cá estão as vantagens "empresariais": um produto aparentemente fornecido de borla desencadeia o consumo de produtos similares mais especializados, gerando cashflows, animando a economia, ajudando a resolver as enxaquecas da ministra das finanças. Por isso, usando o argumentário dos defensores do capitalismo e da economia liberal, acho que esta atitude do governo revela os fantasmas escondidos no guarda-fatos do nosso primeiro: uma moralização dos costumes de forte pendor estalino-maoísta.
ANIMAL
Noutra ocasião, dissertarei sobre essa forma de pornografia encapotada chamada "gender studies". Mas não vai ser hoje.

segunda-feira, setembro 08, 2003

PORN TO BE WILD
A pornografia é um assunto que me interessa bastante em duas vertentes diferentes: o lado lúdico de consumidor e o olhar analítico do cientista que estuda os fenónemos da cultura. Não tenho contra a pornografia - desde que os intervenientes sejam todos maiores e conscientes dos seus actos - nenhuma má vontade. O consumo de pornografia há já alguns anos que deixou de ser um estigma. Tornou-se em certos meios, aliás, uma demonstração de coolness. O visionamento de filmes pornográficos em grupo é disso um exemplo. Curiosamente, é da esquerda académica (nomeadamente os Cultural & Gender Studies) que chegam as piores acusações à indústria pornográfica: de exploração de uma sexualidade doentia, da alienação do próprio corpo, da reificação do acto sexual, etc. JPH, pergunta às feministas radicais (a quem não podes acusar de serem de direita) o que pensam da pornografia.
Tenho alguma pena que a pornografia se tenha "socializado". Sempre gostei do lado clandestino que a pornografia proporciona (mesmo a mim, que vivo sozinho). Parece-me razoável que os filmes pornográficos hardcore não sejam transmitidos em canal aberto, apanhando inadvertidamente qualquer um que faça zapping depois da meia-noite de fim-de-semana. Apesar da liberalização dos costumes e das quecas por baixo do edredão no Big Brother, a pornografia não deve ser considerada um produto cultural de massas como um qualquer filme do Bugs Bunny.
STATLER
DOUBLE PENETRATION E CULTURA ERUDITA
João Pedro Henriques, do blogue abaixo indicado, acusa a direita no poder em Portugal, nos EUA e em Israel (e em Espanha e na Itália, já agora) de ser estúpida. De não ter cultura suficiente. Desta vez porque o Governo português legislou que pornografia só em sinal codificado. Não a proibiu, note-se. Está disponível em canais pagos, em clubes de vídeo, em prateleiras de hipermercado. É habitual a acusação à direita de ser um espaço ocupado por energúmenos iletrados e a esquerda deter o património exclusivo da cultura e da educação. Já estou habituado. Agora não me parece que proibir a exibição de pornografia em canais de televisão em sinal aberto seja o melhor exemplo de falta de cultura.
STATLER
USA O KAZAA, MEU
O João Pedro (um dos que frequenta a Glória que parece que é fácil) queixa-se da estupidez da direita que governa Portugal por lhe terem tirado a diversão do canal 18 às sextas à noite. Não é estupidez. É apoiar duas coisas em que este governo acredita: iniciativa empresarial (se queres ver sexo na televisão, pagas) e a utilização das novas tecnologias (se queres ver sexo à borla, fazes downloads da internet).
STATLER
TEORIA DA INSPIRAÇÃO
Há malta que me quer convencer que Marcel Proust não é um pseudónimo de uma parceria novelística entre Marcelo Rebelo de Sousa e Alain Prost. Eu acredito piamente que é, porque são ambos peritos em perder imenso tempo e depois desatar a correr a ver se o encontram. Há até paranóicos que juram que um e outro são a mesma pessoa, uma vez que nunca foram vistos ao mesmo tempo no mesmo local.
STATLER
PEQUENOS RESUMOS DE GRANDES OBRAS

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO - MARCEL PROUST
(A pedido da D. Aurora)
Era uma vez um rapaz. Depois de ter passado a infância intrigado com a cobra zarolha e a adolescência a praticar o punho de mão cerrada, arranjou uma namorada. Na cama, a moça gritava mais que a Ana Gomes na televisão, mas mexia-se menos que o Carlos Pinto Coelho a apresentar o Acontece. Um dia deu de frosques e nunca mais ninguém a viu. A partir daí o nosso homem percorreu o mundo inteiro a experimentar de tudo com toda a gente, para recuperar do tempo perdido com as sarapitolas e a frígida badalhoca. Na última página da saga aparece, em constante actualização, o número de vezes que Clara Ferreira Alves já leu a obra.
(Se a história não for exactamente assim, é natural. Nunca li o livro. Isto foi uma tentativa de adivinhar o conteúdo pelo título. A parte da última página também não é verdade. Os números da contagem não caberiam numa página só.)
STATLER
SEXO À FARTA NO BIG BROTHER
Ricardo M. fodeu a Carla - literalmente. Carla fodeu a Tatiana - nomeou-a. Tatiana fode o juízo a Ricardo M.
Acho um claro exagero PMR ter chamado a isto um "triângulo amoroso".
STATLER
CINCO DÉCADAS, CINCO CAPITAIS (MOSCOVO, BERLIM, VARSÓVIA, BUDAPESTE E PRAGA)
Muitos dos que andam arreliadíssimos com a presença das tropas americanas no Iraque nos últimos cinco meses nunca barafustaram pela presença do Exército Vermelho em metade da Europa durante cinco décadas - e alguns até a louvavam.
STATLER

domingo, setembro 07, 2003

PEQUENOS RESUMOS DE GRANDES OBRAS

CRIME E CASTIGO - F. DOSTOIEVSKI
Raskolnikoff é um jovem estudante de direito. Pobrezinho, à procura do primeiro emprego, oprimido pela classe burguesa e pelo smog de S. Petersburgo, sem perspectivas de carreira pelo difícil exame de acesso à Ordem, o jovem herói mata justificadamente duas velhotas ricas à machadada. Dizemos justificadamente como quem justifica atentados em cantinas: o mais pobrezinho tem sempre razão. O homicídio é a justiça do oprimido.
O Raskolnikoff ficou à rasca e apaixonou-se pelos seios da Sónia, uma santa prostituta. Curtido é o Svidrigailov, bêbedo e pedófilo. Este gajo não caiu nas garras do Juiz Teixeira, talvez por ser russo e ser uma personagem de um romance do Sec. XIX.
Quando o nosso Raskinhas volta da Sibéria, a Sónia, já gasta, mas com o PPR (Plano de Puta Reformada) a render, casa-se com ele. Já não me lembro como é que livro acaba porque fiquei embasbacado com a coragem do gajo.
MORAL: Matar velhinhas compensa se nos casarmos com prostitutas.

STATLER
DÚVIDA
O Raid Casa e Plantas é um rali todo-o-terreno?
STATLER
CÚMULO DA ESPERANÇA
Se os leitores dos Marretas não gostam do que escrevemos (uma enorme demonstração de bom senso) por que é que vêm cá todos os dias e ainda se maçam a deixar marretadinhas educativas? Acham que vamos melhorar algum dia, é? Tenham juízo.
STATLER
ESCLARECIMENTO - REGRESSO AO FUTURO
A propósito do poste anterior, antecipo a berraria de nos acusarem de sermos homófobos. Que na linguagem corrente é sinónimo de "intolerância para com os homossexuais" (o que é francamente redutor). Etimologicamente, "homófobo" significa "medo do semelhante". Logo, a homofobia é uma característica natural dos individuos. Se há coisa de que um ser humano normal tem medo é de encontrar alguém exactamente igual a si próprio.
STATLER
ESCLARECIMENTO
Homografia não é a biografia de um homossexual.
Homofonia não é uma composição musical feita por um homossexual.
Homonímia não é uma lista de nomes de homossexuais.
STATLER
HOMOGRAFIAS
Na secção Pessoas do DN, aparece uma fotografia de vários homens em ceroulas com o título: "Forcados demonstram arte nas pegas". Consultei o Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora e confirmei que «péga» e «pêga» se escrevem ambas sem acento, o que pode gerar alguns equívocos. Atente-se no seguinte texto: "As pegas da noite estiveram a cargo de um conjunto de forcados constituído, de forma original, por vinte elementos de quatro grupos distintos. A prestação foi artística e demonstrou emoção. E os aplausos da plateia ecoaram." Sabendo da apetência dos forcados por "rabejar", fica a dúvida se o texto trata da festa brava ou de festa rija num qualquer bordel da capital.
STATLER
ANTI-ESTATIZADOS, PORTANTO
No Sobe e Desce do Público de ontem, três ministros do Governo, o líder parlamentar do PSD e Maria de Belém (ver nota) a descer. A semana passada, três ministros do Governo a descer, Ferro Rodrigues a subir. Para a semana, três ministros do Governo e o filho de um Secretário de Estado a descer e António Costa a subir. Daqui a duas semanas, três ministros do Governo e o porteiro da sede do PP a descer e Mário Soares a subir. Daqui a três semanas, três ministros do Governo e a bicicleta de um Presidente de Junta de Freguesia filiado no PSD a descer e um gajo qualquer de esquerda a subir, etc...
notem bem: Maria de Belém foi ministra de um Governo PS que a esquerda acusava de governar à direita.
STATLER
AFEITARME? NO LO CREO!
Num dos postes deste regresso, Mexia dá alguns exemplos dos equívocos em que andam a esquerda e a direita. A barafunda nas identidades está globalizada. Depois de ter um Presidente do Governo com bigode, a direita espanhola candidata um barbudo às eleições gerais do ano que vem.
STATLER

sábado, setembro 06, 2003

BACK TO BLOG
Após uns dias de preparação intensiva do novo semestre, regresso calmamente ao contacto com a blogosfera.
Finalmente e felizmente, o diabo do Pedro está de regresso, o Major Scobie também e os gatos voltaram a dar um cheiro da sua graça. No entanto, para além da ausência anunciada das lombadas introspectivas, deparo-me com as férias da Maria José no blogue da Glória. Isto deve ser a teoria de Alex Ferguson aplicada aos blogues: Nunca podem estar as estrelas todas em campo ao mesmo tempo.
STATLER
VINGAR S. MAMEDE E ALJUBARROTA
As forças espanholas venceram esta noite as tropas portuguesas por 3-0. Não contentes com o resultado avantajado, fizeram-no perto do local da batalha de S. Mamede, num campo com o nome de D. Afonso Henriques. Consta que Fernão Peres de Trava exultou com a revanche e Nuno Álvares Pereira esteve sempre junto à linha na esperança que Portugal atacasse pelas Alas.
STATLER

sexta-feira, setembro 05, 2003

ISTO É MAU SINAL
Ao fim de 11 anos, começo a ir para o trabalho com a sensação de estar a ir para o emprego.
ANIMAL

quinta-feira, setembro 04, 2003

O HOMEM A DIAS
Já tinha ouvido falar dele, mas como o meu foco são as gajas, não me tinha dado ao trabalho de lá ir. Fiz mal. Se os homens fossem todos assim, ainda era capaz de perceber porque é que as gajas gostam deles. Ou então sou eu, com uma crise de orientação sexual. Será do QQ 47? Será do guaraná?
ANIMAL

quarta-feira, setembro 03, 2003

O CARRAPITO DA DONA AURORA
Fui visitar o blogue da Dona Aurora, em retribuição das visitas que ela nos tem feito.
Limpei os pés à entrada (leia-se: tive de corrigir o link que a senhora deixou na caixinha das marretadas – um reles ponto . entre o nome do blogue e o blogspot faz toda a diferença ó minha santa!) e entrei. Procurei pela homenagem que dizia ter feito ós Marretas. É o link a dizer animalaria? Ou a Canção de Bater no Chão? Fiquei sem saber, mas essa é uma das artes femininas por excelência: deixar-nos na dúvida…
Enfim, o poste mais recente merece a minha douta observação:
Não há nada a fazer. Portugal é um país menino. Como se o infantário geral em que vivemos tivesse perdido os crescidos que tomam conta.
Então, Dona Aurora, não vê a televisão nem lê o Correio da Manhã? Os crescidos que tomam conta estão em prisão preventiva… não podem estar na choça e cá fora ao mesmo tempo.
De qualquer modo, labregos das berças como a gente nós sêmos, temos que dar força unzazoutros senão esses meninos citadinos aparecem puraí a ditar sentenças e querer mandar nisto. A província aos provincianos!
ANIMAL
...OU SERÁ
Que o QQ 47 foi activado pelo Saddam quando os bons entraram no Iraque? Se foi, aquela história dos 45 minutos para ligar os motores e mandar os SCUDS estava mal contada.
ANIMAL
JÁ AGORA...
As armas de destruição maciça ainda não apareceram, pois não? Só coisas que me incomodam.
ANIMAL
GHOST WRITER
É verdade, minha gente, fui eu quem escreveu a I Am a Soldier Too: The Jessica Lynch Story. O chato é que não pagam a fantasmas, e assim o meu rico dinheirinho vai parar às mãos de outros. Como represália, publico aqui, na íntegra, o texto. Aqui vai:
"The Jessica Lynch Story.





. The End"
ANIMAL
EIA! GANDA PEDRA!
Dizem os cientistas que vem um bruto calhau na bisga em direcção a nós.
Parece que a hipótese de isso acontecer é de uma em 909.000. Ou seja, é mais fácil apanharmos com um meteoro na moleirinha do que acertar no totoloto.
Algumas ideias a desenvolver nos próximos 11 anos (o embate - se acontecer - está previsto para 21 de Março de 2014. A hora ainda não está definida.):
Pecadores, temos 10 anitos, mais coisa menos coisa, para continuar a pecar; reservemos as últimas semanas para o arrependimento e confissões. Prevêem-se enchentes nas igrejas na altura, portanto o melhor mesmo é marcar vez.
Advogados da Warner, processem o QQ 47 (é o nome do calhau) por plágio descarado ao Bruce Willis. Depois, negoceiem um acordo com os advogados do gajo, que retiram a queixa se o gajo se comprometer a desviar o rumo (que vá contra Marte, por exemplo).
Se a pedra bater, esperemos que a ressaca seja suave.
ANIMAL

terça-feira, setembro 02, 2003

POR ENQUANTO BLOGA-SE DE BORLA
Medeiros Ferreira faz uns avanços sedutores à blogosfera, se calhar a preparar o terreno para um dia destes deixar de constar na folha de pagamentos do DN. Pela nossa parte, wellcome, mas atenção: aqui, quem bloga, paga. Mesmo sendo o software (logiciel, para os francófilos) de borla, é sempre preciso pagar à PT ou à Netcabo para podermos debitar os nossos bitaites.
ANIMAL
ABELHA MAIA DESMASCARADA!
Já há muito tempo suspeitava da gaja, mas agora, com a ajuda da ciência, vamos finalmente ter a certeza que a Abelha Maia não passa de um zangão pedófilo sempre a rondar as criancinhas.
Mais vale tarde que mais tarde.
ANIMAL
***

segunda-feira, setembro 01, 2003

ESCLARECIMENTO
Pergunta alguém ali em baixo: "Sempre gostava de saber por que Holanda andaram vocês. Vivi lá quase quatro meses e nunca vi ninguém pedrado na rua a mandar vir com uma entidade invisível. Os holandeses são contidos, não são simpáticos e, de facto, não deliram com qualquer coisa. Mas pintar de negro um país como aquele é quase que um sacrilégio. Porque não falam de Roterdão, maior porto do mundo, ou de Amsterdam, primeira (mas actualmente não única) capital gay do mundo".
Ora bem, eu andei por uma Holanda que fica ali para cima, junto da Bélgica e da Alemanha. Esta Holanda tinha moínhos, diques, cagadeiras esquisitas, bicicletas, enfim, as coisas normais que existem em todas as Holandas. Também tinha melgas. E coffee shops com gajos descontraídos a fumar a sua erva, gajos ganzados junto aos canais, polícias muito solícitos a avisar-nos para ter cuidado com os carteiristas. Nesta Holanda encontrei bastantes holandeses e holandesas simpáticos, afáveis, prestáveis. Se estive numa capital gay, olha, não dei por nada. Podia dar-se o caso de os gays terem ido todos de férias, ou serem discretos, ou eu não fazer o género de nenhum: ninguém me assediou.
Nem sequer as gajas, vejam só. Férias mais foleiras...
Ah! já me esquecia: essa coisa do "porque não falam disto, ou daquilo"... ófáxavor! aqui não se escreve por encomenda, não somo ghost writers (mesmo writers, já é discutível...), e portanto, se não gostas, paciência. Faz um blogue.
ANIMAL

DEPRESSÃO PÓS-FÉRIAS
As férias foram fraquitas, mas regressar ao trabalho...
ANIMAL
CADA VEZ MAIS PARA O SUL
À medida que avançamos para o sul, as influências católicas sobrepõem-se ao espírito protestante do norte. Ou seja, quanto mais para sul, mais a coisa fica abandalhada, suja, antipática.
Entrar em Portugal por Vilar Formoso, então, é a confirmação final. Mais não digo.
ANIMAL
LES FROONÇAIS
Não há maneira de comprar um pão embrulhado em papel ou plástico (por acaso, há: nos hipermercados; mas tirava a piada ao poste...). A mão que me entrega o pão é a mesma que mexe no dinheiro, que tira macacos do nariz, eu sei lá que mais... Não haverá uma daquelas directivas europeias que regulamente esta porcaria? Ou será que isto é património cultural, e portanto não se pode mexer?
ANIMAL
ESTES GAULESES SÃO LOUCOS!
Autocolante num carro francês: WE ARE CITIZENS OF OLD EUROPE. AND VERY PROUD OF IT.
ANIMAL
LA FROONCE, AGAIN
Visitei a cidade subterrânea de Naours, na Picardia. É espantoso o que as pessoas fazem para sobreviver. Uma rede labiríntica, escavada na rocha, capaz de conter 2100 pessoas e respectivos animais, com entradas dissimuladas, chaminés tortuosas que davam falsas pistas ao inimigo, igreja, praças públicas para o convívo e debate comunitário, tribunal, currais, etc., tudo o que seria necessário para a comunidade poder subsistir escondida das rapinas dos senhores da guerra e dos mercenários desempregados.
Notável. Para um gajo (eu) com uma valente pancada com a claustrofobia, quase me consegui abstrair que passei mais de uma hora a cerca de trinta metros abaixo da superfície.
ANIMAL
RUMO AO SUL
Mudança de planos. A Dinamarca fica para outra vez (ou para outra vida). O orçamento arrombado, pneus a desfazer-se, o tubo de escape a ameaçar saltar do carro em andamento e provocar uma hecatombe na auto-estrada, o calor, olha, voltamos para trás. Sempre serão menos 1700 Km a percorrer.
Em França, vou tentar reparar o carro, pois entendo-me melhor com os gauleses. Aqui, a tentar explicar a estes hereges protestantes que o escape está a desfazer-se, corro o risco que me substituam o diferencial.
Se depois da oficina sobrarem alguns euros, continuo a viagem. Se não, vou vender o corpo para o Bois de Bologne. Aquilo é escuro, pode ser que alguém caia...
ANIMAL
A VERDADE ANDA AÍ
A semana passada apareceu na imprensa uma mensagem críptica de Carlos Cruz. O apresentador falava em "castanha de S. Martinho" e ninguém percebeu nada. Os Marretas, sempre atentos e sempre em busca do Ficheiro Mais Que Secreto, descodificaram o enigma. A referida expressão é um anagrama de "ARTIMANHAS DE TASCA". Na nossa humilde interpretação, Cruz está a barafustar por o Juiz Rui Teixeira ficar sempre com o às de trunfo, por lhe cortar as manilhas todas e se baldar aos puxanços. Se repararem bem, os jogadores de sueca com mais experiência (os das tascas, exactamente) nunca "mandam meninos à missa".
STATLER
DE QUE SEXO GOSTAS MAIS?
Insónias. O regresso aos exames e à preparação das aulas do semestre motivou-me menos que um telefilme da TVI sobre uma adolescente que se apaixona por uma amiga e o resto que se segue. Desde a rejeição inicial da própria rapariga, ao amigo gay assumido e à professora lésbica "não contes a ninguém", os clichés estavam lá todos. Houve tempo para a mãe da rapariga se arrepender de tentar "virar" a filha e passar a frequentar um grupo de apoio de pais e amigos de gays e lésbicas. (Isto é mesmo a sério, não estou a inventar nada.)
Moralista até não poder mais, a mensagem inicial "aceita as pessoas como elas são" ainda é suportável. Mas o pior estava guardado para o fim. A mãe a dizer à filha que estava a aceitar as opções dela a pouco e pouco e a grande ingrata a responder "Enquanto não estiveres preparada para o assumir em público, não interessa nada."
E aqui voltamos à conversa de sempre. Por que razão a homossexualidade só vale se for pública? Por ser uma sexualidade diferente? Também a dos swingers. E a dos virgens depois dos 20 anos, já agora. E não andam aí em manifestações e a gritar em voz alta do que gostam (ou não).
Finalmente, só na cabeça dos realizadores e argumentistas politicamente correctos americanos pode não haver sequer uma pequena hesitação em imaginar uma personagem de 15 anos, uma idade em que todos vivem as primeiras dúvidas sobre a sexualidade, completamente convicta da sua homossexualidade, mesmo após uma única experiência com outra rapariga.
Quem acha que este é o caminho para a "libertação" dos preconceitos engana-se. É pela igualdade e não pela diferença que os homossexuais (se é que isso existe como categoria sociológica) diminuirão o estigma que sobre si recai. As escolhas sexuais não fazem de ninguém diferente de ninguém. Deviam ser tão naturais como preferir ganga ao tweed. Não é a fazer paradas e filmes destes que conseguem isso.
STATLER
AS CASAS MAIS FAMOSAS DO PAÍS
Depois do início do BB IV, daqui a umas horas começa na TVI um especial sobre as audiências do processo Casa Pia. É assim a TV do Moniz: novelas da vida real de manhã e à noite.
STATLER
RENTRÉE MISÓGINA
Hoje começa o "resto do ano". Os Marretas continuam. Mas com uma baixa a lamentar. A nossa Janice decidiu lançar-se num blogue por conta própria. Nós sabíamos que ela ia retemperar forças durante as férias, mas nunca pensámos que se fizesse à blogroad sozinha.
(E depois admiram-se que um gajo fique de sobrolho franzido com esta modernice da emancipação feminina.)
OS MARRETAS
PS: Felicidades, Janice. Temos pena de te ver partir, mas sabemos que vais ter o melhor blogue do mundo.