domingo, agosto 31, 2003

BIG BROTHER IV - IMPRESSÃO DENTAL
Teresa Guilherme estava a entrevistar a mãe de uma concorrente. A pobre senhora riu-se e mostrou uma boca quase sem dentes. A apresentadora perguntou: «Então, por que é que a senhora não tem dentes? Pór que é que não arranja essa boca? Já viu se a sua filha estivesse assim?» É a chamada "sensibilidade televisiva".
STATLER
BIG BROTHER IV - MAIS IMPRESSÕES
Ricardo M. tem 21 anos e diz que tem um fraco por mulheres mais velhas. Sabendo das preferências da Teresinha e o seu gosto por romances dentro da casa, aqui está uma oportunidade única para ver a apresentadora enrolada com um concorrente.
Carla escreveu no questionário que quando está com o namorado parece uma coelha, porque só pensa em fornicar. Não sou perito em biologia, mas parece-me que os coelhos não são monogâmicos.
Diana gosta de ler e quer ser famosa. Clara Ferreira Alves, ponha aqui os olhos. Diz que se fosse um objecto seria um vibrador porque é emocionalmente instável. Pelo que tenho visto nos episódios do Sexo na Cidade, pensava que as mulheres preferem os de pilhas precisamente por serem mais estáveis do que nós.
STATLER
BIG BROTHER IV - PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Teresa Guilherme pergunta inevitavelmente sobre a possibilidade de haver romances no concurso. Perguntou à namorada de Ricardo B. se confiava nele. A namorada respondeu que sim, obviamente. Mesmo ao lado, estava a mãe do Ricardo. Que respondeu que não, que não acreditava que ele se aguentasse. Realmente, as sogras são do piorio.
O Zé, de Vila Nova de Gaia, diz que a sua principal preocupação é as raparigas do programa serem todas lésbicas. Ó Zé, desculpa, mas cá fora não partilhamos nada desse sentimento.
Lara é mãe solteira. Ajuda o pai em duas sex-shops. É liberal mas com regras (palavras dela). É a grande candidata a boneca insuflável da casa.
STATLER
HOLANDA (última impressão - sex shop)
Estou sempre a aprender coisas novas. Algumas, exigem um estômago resistente.
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 9 - e penúltima)
Nem é preciso enrolar um charro: basta passear lentamente por algumas ruas e inspirar profundamente ao passar pelas coffee shops, para chegar ao fim da rua com uma pedra aceitável.
ANIMAL
WET KARMA OU COINCIDÊNCIA?
Sábado - Durão Barroso faz o discurso da rentrée.
Domingo - Chuva e inundações em Lisboa.
Se existe algum fenómeno de causa-efeito a ligar estes factos, proponho que no próximo Verão ponham o PM a fazer o discurso logo no início da saison: era um modo de apagar os incêndios florestais e minimizar a onda de calor...
Dizem-me aqui ao lado que não resulta: só pondo o homem a fazer discursos todos os dias e por todo o País, pois a tempestade foi limitada no tempo e no espaço.
Está certo. Ele que se ponha a falar pelos cotovelos em todas as festas e romarias. Fica mais barato que equipar os bombeiros ou limpar as florestas...
ANIMAL
OUVIDO APURADO
No blogue Easy Lola, MJO interroga-se se o Primeiro Ministro barra Presidente do PSD terá dito "catarse" ou "catástrofe" no seu discurso da reentrada.
Os Marretas, sempre atentos, esclarecem. O que o PM/Pr. PSD disse foi: «Os gajos da oposição andam para aí a catar-se uns aos outros e depois vêm atirar os piolhos para cima de nós."
STATLER
NOITE É LER BLOGUES
Seis da manhã. Lá ao fundo da nossa página, um contador semi-orwelliano (só conta, não identifica) diz-me que há mais alguém a visitar os Marretas a estas horas. Não há dúvida, estes bloguers são loucos.
STATLER
QUELQ'UN A DIT, TOMO II

«As pessoas estão fartas de festas, de 'jet-set', de internet.», Nuno Gama, Flash
- É por isso que algumas pessoas se fartam dos blogues.

«Hoje em dia temos cultura McDonald's.», Filipe La Féria, Flash
- Pelo contrário, os espectáculos de La Féria pertencem à categoria túbaros com piri-piri.

«Portugal é o país do não.», Graça Lobo, Caras
- É o país do "não, contigo não", acrescentou a actriz.

[Que fantasia lhe falta realizar?]
«Enquanto me podia permitir ter fantasias confesso que era mesmo a equipa de râguebi do Belenenses.», Alexandra Lencastre, 24 Horas

- A equipa de râguebi de sete, claro.

STATLER
ESCOLHAM: CABELO OU CLAVE DE SOL
Enquanto escrevo, no leitor de CD's tocam várias glórias dos anos 80, de Portugal e do Mundo.
Depeche Mode, The Smiths, New Order, Duran Duran, Táxi, Heróis do Mar, Variações, etc.
Entretanto, passa na RTP um filme de Joel Schumacher, de 1985, sobre um grupo de jovens adultos da época.
Impressionantes, os "eighties". Tão bom gosto para a música e tão mau para a roupa e para os penteados.
STATLER
CARA E COROA
No futebol tenho duas paixões e dois ódios. Dois portugueses e dois estrangeiros. Em Portugal torço desalmadamente pelo Sporting e gosto de ver o Benfica perder. Sempre. Lá fora, sou fã incondicional do Manchester United. E nutro um ódio de estimação pelo Real Madrid. Mas hoje, a ver o Real Madrid de Queiroz, Figo, Ronaldo e Beckham, fiquei dividido. Se por um lado rebolo de gozo a ver o Real levar grandes bailes, hoje dei por mim a desejar que Queiroz tivesse sucesso, que Figo fizesse umas fintas malucas, que Ronaldo marcasse e que Beckham fizesse "daqueles" passes. Isto de ser adepto de futebol é mais complicado do que parece.
STATLER
BENFICA IV - PEQUENAS DIFERENÇAS
Em Alvalade XXI, o Sporting é apoiado no seu Estádio novo.
No século XX, o Benfica era protegido pelo nosso Estado Novo.
STATLER
BENFICA III - LIGA PROTECTORA
No sorteio da Super Liga calhou ao Sporting jogar com a Académica em Coimbra na 1ª jornada. Como o Estádio Municipal de Coimbra não estava ainda pronto, a Académica sugeriu ao Sporting trocar a ordem dos jogos. Jogariam em Alvalade, agora XXI, em Agosto e na segunda volta, com o Estádio Municipal já pronto, o Sporting deslocar-se-ia a Coimbra. A Liga de Clubes não autorizou.
Este fim-de-semana seria a vez do Benfica jogar em Coimbra. Como o dito estádio ainda não está pronto - vão lá os Pedrados Rolantes inaugurar a obra no fim de Setembro - teriam de ir jogar a Taveiro. Certo? Errado. A Liga autorizou que o jogo fosse adiado para depois da inauguração.
Se dá jeito ao Benfica, o melhor é não incomodar ninguém. Há hábitos difíceis de mudar.
STATLER
BENFICA II - ARRANJEM-LHES UM PROGRAMA NO CANAL SOCIEDADE
O Benfica jogou uma eliminatória de pré-apuramento para uma competição europeia. Perdeu.
O Porto jogou a Supertaça Europeia. Perdeu.
A avaliar pelo que se escreveu e disse nos media antes e depois, mais importante era a qualificação para os grupos da Champions. Eu sei que o Benfica vende mais que nada. E que, por lógica estatística, é o clube com mais adeptos na classe jornalística. E que, por tudo isso, um golo do Benfica será sempre mais importante para as televisões (e mesmo para os jornais) que um título de outro clube.
Agora não me lixem é com a conversa da isenção e da objectividade.
STATLER
BENFICA I - E NÃO TÊM VERTIGENS?
Após o sorteio da Taça UEFA, a TSF apressou-se a saber as reacções dos dirigentes dos clubes envolvidos.
Pergunta a Eurico Gomes, enviado do Sporting: "Confia no apuramento do Sporting para a próxima eliminatória?"
Pergunta a António Simões, representante do Benfica no Mónaco: "Acha que o Benfica pode ser o sucessor do FC Porto como vencedor da Taça UEFA?"
Esta gente não se contenta com uma coisa de cada vez? Ainda nem há dois dias tinham perdido com a Lazio. Se algum dia o Benfica descesse à Segunda Liga, a imprensa escreveria dia seguinte: "Benfica, o natural candidato ao título da próxima temporada".
STATLER

sábado, agosto 30, 2003

SALADA DE FRUTAS
Cada mesa tinha uma cesta de fruta. Uvas, melancia, ananás e, segundo diz alguém do fundo da mesa, maçã reineta. Eu, por acaso, até acho que era bravo esmolfe, mas isso não interessa nada.
A malta foi bebendo e os mais cansados foram saindo. Muitas vénias, muitos obrigados, e conta, nada. Simpáticos, estes coreanos. É só comer, beber e sorrir.
Até que ficaram apenas cinco pessoas do grupo. Preparavam-se para sair, quando veio a conta: 184.000 wons (façam vocês a conversão que aqui já é de madrugada e a cabeça está cansada).
Pois é, afinal esta gente tem um espírito muito prático. Qual cartão de consumo, qual quê. Pouco lhes interessa quem paga, desde que alguém pague.
WALDORF
SAÚDE NO TRABALHO
Ontem fomos a uma discoteca coreana. Na entrada estavam umas 30 palmas, daquelas que nós usamos nos funerais. Desconfiei. Perguntei se era habitual haver porrada à porta daquela discoteca. Mas não, afinal tinha sido o aniversário da casa.
Lá dentro estava ao rubro. Cada vez que passávamos por um empregado, ele fazia um Pyeongjeol (vénia com curva média). Fiquei preocupado. Se estes tipos não se põem finos, acabam todos com uma cifose. Mas onde é que andam os sindicatos nestas alturas?
WALDORF
Um congressozinho de urologia nas Caraíbas, sff...
Interrompo as impressões sobre a Holanda para dar um (humilde) contributo às aulas de ética médica.
"Que o médico avance afável, com vestes ricas e uma pedra preciosa entre os dedos. Se puder ter um cavalo, que este seja de valor. Com um vestuário majestoso poderá fazer pagar mais... De facto, o médico pobre não pode pretender outra coisa senão dádivas modestas."
Scholae Medica Salerni (Séc. XI)

Os antigos sabiam destas coisas.
ANIMAL

sexta-feira, agosto 29, 2003

ONDE É QUE JÁ VI ESSA ROUPA?
Mas o que é lindo, mas mesmo muito lindo, é os namorados coreanos vestirem roupa igual.
A confusão que isto ia dar nos países latinos.
WALDORF
UMA CADEIRA, SFF
Só depois de um jantar tipicamente coreano se dá valor ao gajo que inventou as cadeiras. Estou que nem posso, depois de duas horas sentado no chão para comer sabe Deus o quê.
WALDORF
E VÃO DOIS
Inventar é uma coisa, exagerar é outra completamente diferente. Então não é que os coreanos já nascem com um ano. Pois é, um ano depois de nascerem, os coreanos já têm dois anos. Anos, eu escrevi, anos.
WALDORF
CAGADEIRA HOLANDESA (Adenda)
Nos McDonald's holandeses é preciso pagar entre 20 e 50 cêntimos para usar as cagadeiras. Em contrapartida, têm uns cinzeiros de baquelite muito práticos e portáteis. Trouxemos 3, como compensação pelas 3 vezes que tivemos de pagar para usar os sanitários.
Senhores advogados da McDonald's, se estiverem pouco ocupados a processar o José Bové e a rapaziada antiglobalização, têm aqui mais um processozinho para se entreterem e justificar os vossos honorários. Quem é amigo, quem é?
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 8)
Uma saudável (aparente) anarquia. Pessoas, bicicletas, autocarros, eléctricos, motos, automóveis, atravessam-se alegremente à frente uns dos outros. Mas não chega a haver paragens: o movimento, embora irregular, é constante. Poucas buzinas se ouvem. Insultos, se os há, são apenas pensados.
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 7,1): as bicicletas de novo
Mais do que melgas e moinhos de vento, o que há na Holanda são bicicletas. Se estes tipos se lembrassem de trocar as biclas por automóveis, a Holanda tinha de aumentar de superfície umas seis vezes.
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 7): As bicicletas
Uma mulher pedalava com a saia levantada, prendendo-a ao volante com as mãos. Estava, de facto, bastante calor. Pensei: olha, aqui está mais um processo de ventilação com energias alternativas.
E sim: ela usava cuecas. Brancas.
ANIMAL
UMA QUESTÃO DE JEITINHO
Cinco da manhã. Nenhuma proposta de namoro, nenhuma terapia de grupo, nenhum dinheiro acumulado, nenhuma resposta aos anúncios. Acho que me vou deitar.
Esclareçam-me, amigos da Glória: sou eu que sou trengo ou vocês induziram-me em erro?
STATLER
VALÊNCIAS DE ACOLHIMENTO INFANTIL
Foi (alegadamente) constituído arguido do imbróglio Casa Pia um indivíduo cuja mulher (aparentemente) trabalhava na casa do embaixador Joge Ritto. Ao que os Marretas apuraram, o diplomata, preocupado com o bem-estar das crianças, havia contratado uma educadora de infância para tomar conta dos catraios durante os tempos livres.
STATLER
LER É APRENDER
Na sua crónica no Diário Digital, Clara Ferreira Alves acusa os governos americano e britânico de não ter preparado, planeado e estudado a intervenção no Iraque. Bolas, e nós a pensar que só os portugueses é que não liam o suficiente.
STATLER
QUELQ'UN A DIT

«Os políticos deviam masturbar-se mais.» Odón Elorza (Alcaide de S. Sebastián), El País
- Mas tendo cuidado com os papéis que estão em cima da secretária.

«A minha namorada dá estabilidade aos meus filhos.» José María Tallon, VIP
- Ao contrário do próprio, que lhes dá estaladas.

«Estou para ver a RTP e a SIC a comerem-se uma à outra com programas iguais.» José Eduardo Moniz, TV 7 Dias
- E eu estou para ver uma apresentadora da RTP e outra da SIC a comerem-se uma à outra num programa diferente...

[Qual é o seu pássaro preferido?] «A borboleta.» Paula Bobone, Diário de Notícias
- Os pássaros preferidos nos Marretas são os seguintes: Chefe Sueco, a galinha; Janice, o dodô; Waldorf, o morcego; Statler, o peixe-voador; Animal, a passarinha.

«Se um dia escrever tudo o que sei, depois tenho de fugir para outro planeta.» Filomena Pinto da Costa, Caras
- É aproveitar agora que Marte está mais perto.

STATLER
(com um obrigado ao Fugas de Férias do Público pela selecção da informação.)
VICIADOS
2.00 am: Recebo um telefonema. Atendo. Amigos do outro lado da linha. Pedem-me: "Vai aí aos blogues ver se alguém falou do nosso blogue desde as dez da noite." E eu fui. E li, poste por poste, o que escreveram sobre eles.
Acho que estamos todos doidos.
STATLER
NO MORE
Pedro Namora, em declarações às televisões, fez um apelo: "Deixem-nos em paz!"
Eh pá, Namora, a malta aceita, mas isso tem de ser recíproco, 'tá bem?
STATLER

quinta-feira, agosto 28, 2003

HOLANDA (Impressão nº 6)
A ganza. É uma cultura, só por si. O consumo legal e descontraído em estabelecimentos licenciados para o efeito. A folha de cannabis é um ícone de Amsterdam: t-shirts, cinzeiros, posters, pisa-papéis, todo o merchandising organizado para facturar mais uns cobres à custa de tão inocente plantinha. Até um museu da erva estes gajos têm.
Contudo, ao longo dos canais, vi muitos gajos com-ple-ta-men-te pedrados (não me parecia que fosse apenas erva). Uma gaja, encostada a uma parede, fazia uma bad trip, discutindo ferozmente com uma entidade invisível ao resto dos passantes. Além de mim, não reparei em mais ninguém que olhasse para ela. Para os outros, ela era tão invisível como o interlocutor das suas alucinações.
ANIMAL
A CAGADEIRA HOLANDESA (Impressão sem número)
Conhecia a cagadeira normal, modelo Valadares ou Roca, um honesto e humilde assento onde ficamos a pensar em coisas sublimes, no IRS ou na teoria do caos, envoltos pelo fedor e pelos miasmas que sobem do seu interior. Conhecia também a cagadeira à caçador, muito frequente nas áreas de estrada em França, desenhada em função da eficácia e da gestão do tempo. Efectivamente, sentimo-nos coagidos a passar nelas o mínimo de tempo possível - é mesmo para despachar, e uma sorte se não mijarmos os sapatos.
Agora, a cagadeira holandesa é um híbrido das duas anteriores. O utente senta-se, como numa Valadares, mas tem mesmo por baixo de si uma estranha prateleira ligeiramente côncava, onde ficará depositado o produto da sua acção (o cócó, para quem não percebe estes eufemismos; o cagalhão, para quem não souber o que é o cócó...). Apenas a descarga do autoclismo levará tudo na enxurrada, em direcção ao esgoto.
Parece-me um processo de nos fazer ver e obrigar a enfrentar a merda que fizemos. Talvez fosse uma ideia importar o conceito para cá. O conceito, e não a cagadeira...
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 5)
Uma sex-shop ao lado de uma sapataria. Ambas exibem a sua mercadoria nas montras. Só notei uma diferença: os sapatos tinham etiquetas com os preços.
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 4)
Os construtores de edifícios de Amsterdam, pelo menos nos séculos XVII e XVIII, não deviam fazer a mínima ideia da utilidade do fio de prumo.
No entanto, os prédios que construiram ainda lá estão, habitados, tortos, sem esquadrias, inclinados para onde calha, mas de pé. Pelo menos até hoje.
ANIMAL
CHATICE
Lá desapareceu a caixinha das marretadas outra vez.
Como dizia o Mário-Henrique Leiria: "Só coisas que me apoquentam!"
ANIMAL

quarta-feira, agosto 27, 2003

HOLANDA (Impressão nº 3)
Decido sair deste parque de campismo. As melgas ajudam a tomar a decisão, mas esta confusão, até para um lusitano, é excessiva.
À entrada do segundo parque de campismo, um sinal em várias línguas decreta: "NO DRUGS ALLOWED". Interogo-me: O tabaco entrará no Index?
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 2)
Que por acaso é a primeira. Camping completamente javardo, muito sixties, o caos total. O conceito de desenrascanço, aqui, é levado ao superlativo. Passagens de 30 cm entre tendas, caravanas, autocaravanas, carros, cães, criancinhas, bicicletas. Melgas. Fios eléctricos em macramé, nadando em poças de água suja. Melgas. Uma família italiana, duas caravanas ao lado, anima o ambiente com os seus berros. Melgas. Um "parque" encostado à água, crescendo à medida a que cresce o dique onde assenta. Patos e barcos. Melgas. 1 euro para poder tomar banho em 3 minutos. Melgas. Muitas melgas.
ANIMAL
HOLANDA (Impressão nº 1)
"Desenrasca-te". É mais ou menos isto que está impresso nos letreiros à entrada do camping, nos arredores de Amsterdam. Logo a seguir, o tarifário.
"Não temos recepção. Procure um lugar e instale-se. Nós iremos ter consigo."
Os esquemas de controle em Portugal, Espanha, França, com montes de recepcionistas, guias de bicicleta que nos levam aos lugares, confiscação do BI como garantia de não sair sem pagar, aqui, nada. Desenrasca-te, que quando pudermos vamos ter contigo para fazer contas. Definitivamente, estes bárbaros nórdicos nunca terão a eficácia dos latinos.
ANIMAL
EDUCAR AS GERAÇÕES DO FUTURO
Ó pai, o que é o colesterol?
Não sei.
EDUCAR AS GERAÇÕES DO FUTURO (II)
Ó pai, para que serve o colesterol?
Para os mádicos e as farmácias e os laboratórios de análises e a indústria de medicamentos ganharem dinheiro.
EDUCAR AS GERAÇÕES DO FUTURO (III)
Ó pai, então o colesterol é uma coisa boa. Se serve para tanta gente ganhar dinheiro que depois pode gastar nas lojas, comprar carros, casas e assim, é uma coisa boa, não é?
Excelente, filha, o colesterol é uma coisa excelente.
ANIMAL
FAMA
Por aqui todos conhecem Portugal.
Campanhas do ICEP? Saramago? Figo?
Não. A nossa fama vem da derrota frente à Coreia, no último Mundial de Futebol.
Afinal, dos fracos também reza a história.
WALDORF
QUEM HAVIA DE DIZER
Uma rapariga aproxima-se e pergunta. Can you take a photo? O português, sempre solícito, diz que sim e enquanto agarra na máquina fotográfica exclama: tirava-te uma fotografia e o resto da roupa toda.
Ehh, olha aí a baixaria, cara!, respondeu a moça que, afinal, era brasileira.
WALDORF
FUTEBOL INTELIGENTE
Na NTV, o programa Livro Aberto (de F.J. Viegas, com Álvaro Magalhães, Manuel António Pina e Júlio Machado Vaz) foi dedicado ao futebol. Uma conversa inteligente, divertida e didáctica. E não podemos acabar com os Jogos Falados e ter programas sobre futebol sempre como este?
STATLER
OPERAÇÃO COMPUTADOR MEXIDO É COMPUTADOR PERDIDO
A Flor de Obsessão e o Blogue dos Marretas lançam uma iniciativa de solidariedade para ajudar um companheiro a quem a desgraça bateu à porta.
Pedro Mexia tem o seu computador avariado e não pode postar (e fazer outras coisas) com a devida privacidade que as várias ocasiões exigem.
Por isso, pedimos a toda a blogosfera a ajuda indispensável para alguém que sofre.
Para esta causa, pedimos a cada bloguer um pequena contribuição de 1 € (por pessoa, não por blogue). Para os bloguers eurodeputados a contribuição será de 2,5 € e para assistentes universitários e outras profissões mal pagas haverá uma redução de 50%.
Com os cerca de mil blogues existentes, seria maravilhoso que ainda antes do fim do mês pudéssemos devolver a Pedro Mexia a alegria do seu pequeno mundo virtual.
Com os melhores cumprimentos,
PEDRO LOMBA e STATLER
ANDA LÁ COM ESSA CARANGUEJOLA
A propósito do poste anterior, quero acrescentar uma informação inútil (II) e um comentário idiota (CI).
II: Quando conduzo na autoestrada entre os 120 e os 140 km/h, mesmo que vá na faixa da direita, levo com sinais de luzes dos carros que vêm na faixa da esquerda à velocidade regulamentar, perto dos 195 km/h. Para quê? Para me avisar que vão passar por mim, não vá eu causar algum acidente.
CI: Isto da condução lenta é mesmo muito arriscado.
STATLER

terça-feira, agosto 26, 2003

PREVENÇÃO RODOVIÁRIA
Conduzia pela faixa mais à direita da autoestrada. Um veículo longo (o chamado camião TIR) buzina longamente e ultrapassa-me. Durante uns momentos fico espantado. Mas depois vejo o velocímetro e compreendo a impaciência. Eu conduzia a 110-120 Km/h. É sabido que a condução em velocidade lenta é perigosa para os outros condutores.
STATLER

segunda-feira, agosto 25, 2003

(AGRI)CULTURA
A propósito da abertura de uma biblioteca rural itinerante, um utilizador (o chamado popular) entrevistado pela NTV disse: "No tempo do fascismo, davam-nos uma enxada antes de nos darem um livro."
Os Marretas sabem que Clara Ferreira Alves soltou um longo suspiro e escreveu um artigo indignado contra esse tal tempo do fascismo.
STATLER
TRADIÇÃO É TRADIÇÃO
Umas centenas de portugueses emigrados na Europa esperam horas sem fim, no Aeroporto de Lisboa, para embarcarem nos aviões da Air Luxor. Numa atitude pouco respeitadora dos valores etnográficos portugueses, os viajantes queixaram-se e protestaram.
"É terrível.", disseram os responsáveis pela companhia aérea. "Esta gente emigra e perde as referências identitárias. Habituam-se a ter tudo direitinho lá nos países para onde vão morar e depois chegam aqui e não aguentam umas 5 ou 6 horitas à espera. Um dia destes já nem português sabem falar..."
STATLER

domingo, agosto 24, 2003

PÃO COM MANTEIGA REVISITADO
Statler: Ó Animal, vou arrancar para o sul.
Animal: E eu vou para o norte.
Statler: Ok. Encontramo-nos lá, então.
POR OUTRO LADO, AINDA
Então um gajo atravessa a Península Ibérica debaixo dum braseiro à procura do fresquinho setentrional e apanha com 44º C pelo focinho abaixo? Anda uma pessoa a pagar impostos, e é isto que se vê.
ANIMAL
LA FROONCE, POR OUTRO LADO
Vou a um supermercado comprar mantimentos. Os franceses continuam a comportar-se como porcos por um lugar no estacionamento, no modo como empurram os carrinhos das compras sem ter nada nem ninguém em consideração, a furar na fila da caixa. Vê-se bem onde fomos buscar as nossas influências culturais.
ANIMAL
LA FROONCE
Nunca estive emigrado aqui. Não tenho raízes de qualquer espécie na Gália. Contudo, entro em França e tenho a sensação de regressar a casa.
ANIMAL

sábado, agosto 23, 2003

OS ÚLTIMOS A SABER
Há dois dias recebemos muitos telefonemas de Portugal. Parece que por aí se falou numa ameaça de bomba durante a cerimónia de abertura deste evento, as Universíadas.
Participantes e espectadores, umas 70 mil pessoas, desconheciam completamente o facto e participaram alegremente nas actividades. Ai como é doce a ignorância.
WALDORF
VIREM LÁ ISSO
A marretada não pára quieta. Cá estou eu, com 98% de humidade no pêlo, a observar atentamente os coreanos. Do sul, claro.
Hoje de manhã descobri que a bandeira de Portugal, hasteada ontem na Aldeia dos Atletas, estava ao contrário. Calmamente, informei o responsável acerca do engano. Meu Deus, parecia que tinha começado uma guerra. De repente só se viam coreanos a correr em todas as direcções. Quando passavam por mim faziam o já famoso Pyeongjeol e diziam “sorry, sorry”, “problem, problem”. Passados dez minutos, o problema estava resolvido.
Já estou a imaginar a mesma situação numa prova portuguesa.
Como? A bandeira está ao contrário? Olha-me este, deve ter a mania que é importante. A bandeira está de patas pró ar? Faz o pino que resolves logo o problema.
WALDORF
NO MAN IS AN ISLAND. OK, E UMA PENÍNSULA?
Revejo About a Boy com Hugh Grant. Li o livro de Nick Hornby depois de ver o filme pela primeira vez. A personagem de Will fascina-me pela proximidade (real e desejada). Como Will no princípio da estória, também eu me sinto uma ilha. Qual? Não sei bem. Ibiza não sou e Lanzarote não quero ser.
STATLER
PAPAGAYO
No blogue dos que querem ir ao altar, o simpático arquitecto gostaria que a blogosfera discutisse mais o assunto do amor intra-géneros. A propósito, volto a citar seu Veríssimo e uma passagem do conto Entre Ouvidos:

Na mesa das bichas:
- Eu hoje acordei com uma ereção.
- Cruzes!
- Ainda bem que não era minha.


Quanto ao tema que nos propõe o Bernardo, aqui no blogue só podemos tecer considerações teóricas. A Opus Gay já protestou, mas não temos as quotas para peluches de sexualidade alternativa preenchidas.
STATLER
INSÔNIA
A casa estala de noite. São as coisas se assentando. De dia as coisas ficam em suspenso, assustadas com a gente. Há um espelho no corredor que já se viu mil vezes em mil pedaços. (...) De noite as coisas suspiram aliviadas. Isso que você ouve quando acorda no meio da noite é o silêncio que as coisas trocam, como um código. Nada a ver com você ou a sua espécie. Todo o homem que sai da sua cama e caminha no escuro é um intruso em sua casa e merece a topada. (...) De noite a sua casa não é sua. E range como um navio. (...)

Luís Fernando Veríssimo, A Mulher do Silva
O SAL DAS VIAGENS
Paragem numa área de serviço da auto-estrada, para enfiar cafeína no sistema. De regresso ao carro, a bateria pifou.
Segue-se a rotina da praxe: comprar uns cabos de ligação porque deixei os outros em casa, pedinchar aos passantes um bocadinho de electricidade para poder arrancar.
O que vale é que no fim das férias um gajo até já consegue rir-se destas coisas.
ANIMAL

sexta-feira, agosto 22, 2003

Festival Intercéltico de Sendim
Como gosto de música céltica, decidi começar a viagem sem passar por Vilar Formoso e fui por Sendim, Miranda do Douro, a ver o que dava.
Ao som dos Dervich, o ambiente era uma espécie de Woodstock misturado com a festa do Avante. Charros e cervejas, espectadores ensimesmados a dançar sozinhos, um espanhol perdido de bêbedo e ganzado a despejar cerveja nas costas das raparigas. Uma visão pouco provável: um grupo de skins trajados a rigor, corte de cabelo regulamentar, botas DocMartens, calças de couro preto, t-shirts pretas com símbolos do Estado Novo estampados a branco. Ninguém se meteu com ninguém. Eles passavam, marciais, e nada sucedia. A certa altura, chocam com um jovem cheio de piercings, t-shirt com uma estampa del Comandante. Pedem desculpa uns aos outros e seguem caminho. Pensei: ainda não fumei nada e já estou a ver coisas...
Ah! A música era boa.
ANIMAL
OUTROS FILHOS DA NAÇÃO
Ainda não são impressões das vacancias, mas apenas uma adenda para o poste do Statler: um outro tipo de filho da nação, também conhecido como chico-esperto. Um exemplo: o patrão de uma fábrica de colas e produtos químicos, para não ter despesas com a recolha e reciclagem de resíduos, descobriu um processo alternativo: no fim do dia de trabalho, distribui a cada operário um saquinho de supermercado cheio de escórias, que será transportado e depositado no contentor de lixos domésticos mais próximo da casa de cada um.
Genial.
ANIMAL
ESTES SÃO OS FILHOS DA NAÇÃO
Passei as últimas tardes a assistir pela SIC Radical às imagens do Festival de Paredes de Coura, onde nunca me apanharão sem uma camisa de forças e uma substância qualquer que me faça perder a razão. Mas assisto divertido à transmissão televisiva. Divertido porque tenho uma casa de banho só para mim, divertido porque tenho em casa os discos todos dos grupos que gosto de ouvir, divertido porque o Bruno e a Carla não me estão a fazer aquelas perguntas a mim. Divertido também porque a idiotice da garotada é muito mais extensa do que se poderia imaginar. Não me lembro de mais do que uma ou duas almas conseguirem expressar uma ideia do princípio ao fim com palavras compreensíveis pelo resto da Pátria. As reformas do ensino também estão ali, bem à mostra. E a educação dada pelos paizinhos também. Temos um grande futuro, não haja dúvida.
STATLER

quinta-feira, agosto 21, 2003

OUTRO CONSELHO GRATUITO (Para quem aprecia o silêncio)
Frequentem apenas estâncias turísticas, hotéis e parques de campismo que interditem a entrada de italianos.
ANIMAL
CONSELHO GRATUITO (Sobre férias)
Se tem criancinha(s) a seu cargo e quer fazer umas férias decentes, embrulhe a(s) criancinha(s) em sacos de plástico, produza vácuo no interior, e guarde-as no congelador. No regresso, meta-a(s) no micro-ondas no programa de descongelação.
ANIMAL
ÁIME BÉQUE!
Graças às férias mais foleiras de que tenho memória, antecipei o seu fim e regressei à parvónia.
Nos próximos dias, à medida que me conseguir reorganizar, vou postando umas impressões que fui anotando ao longo dos dias. Para já, uma contabilidade provisória do que correu mal:
Uma picada infectada;
Um dente incisivo que foi à vida (motivo de regozijo para o meu dentista e laboratório protésico);
Um abcesso;
Ar condicionado do carro avariado logo no primeiro dia de viagem;
Tubo de escape desfeito (612 euros mais IVA e mão de obra para o substituir...);
Pneus dianteiros desfeitos;
Limite do cartão de crédito ultrapassado.
Para concluir, hoje, a 20 Km de casa, partiu-se o eixo da roulotte. É uma sensação memorável, olhar para o retrovisor e ver um caixote aos trambolhões e a lançar faíscas mesmo atrás de nós...
No bom espírito português, podia ser muito pior...
ANIMAL
Nunca se repetirá vezes suficientes que nada há de mais fecundo e maravilhoso que a arte de ser livre, mas nada tão duro como a aprendizagem dessa liberdade. Não é isso que sucede com o despotismo. O despotismo apresenta-se muitas vezes como o reparador de todos os males; é o apoio do direito justo, o que protege os oprimidos e o garante da ordem. Os povos adormecem-se no seio da prosperidade momentânea que produz, e quando acordam são miseráveis. A liberdade, pelo contrário, nasce frequentemente entre tempestades, estabelece-se trabalhosamente e com discórdias civis, e só quando já é velha se podem conhecer os seus benefícios.”

Alexis de Tocqueville, A Democracia na América, 1831
APERTA O CALOR, DESAPERTA A BRAGUILHA
Continuam a prender presumíveis incendiários septuagenários ou octogenários. Como algumas experiências parecem comprovar que as altas temperaturas são responsáveis pelo aumento do desejo sexual, é provável que alguns teóricos freudianos tentem explicar a acção dos incendiários como sendo fruto de uma libido reprimida, inactiva ou impotente.
STATLER
CITAÇÕES
Sobre o que aconteceu em Bagdad e Jerusalém está tudo escrito no Aviz e no Abrupto. Sem tirar nem pôr, subscrevo os postes O QUE É A VERDADE, PORTANTO? no primeiro e BAGDAD / JERUSALÉM 2 no segundo.
STATLER
VAMOS NESSA, VANESSA!
Já aqui referi a chegada do Glória Fácil. A Nuno Simas, João Pedro Henriques e Maria José Oliveira (sabia que não aguentavas muito, MJ), juntou-se agora Ana Sá Lopes (a quem apetece chamar carinhosamente, num trocadilho com a coluna dominical, Ana Chá de Rosas e Pão de Lopes). Este blogue já quase parece o Real Madrid, com tantas estrelas e tão talentosas. Deles esperamos sempre boas exibições.
STATLER

quarta-feira, agosto 20, 2003

SERVIÇO PÚBLICO
A propósito da morte de Vieira de Mello, um bom editorial de José Manuel Fernandes.
"Com este ataque os terroristas visavam as Nações Unidas e o trabalho que estas estavam a fazer no Iraque. Tudo o que no Iraque suceder de mau é bom para os terroristas."
STATLER
AMIGOSFERA
No seu Abrupto, Pacheco Pereira diz que quando lê blogues, prefere identificá-los mais com os templates e com os títulos e menos com quem os escreve. Caso raro, não alinho com Pacheco Pereira. Gosto de conhecer os autores dos blogues. E de ler os blogues das pessoas que conheço e ainda mais de ler aqueles das pessoas de quem gosto.
É um prazer enorme ler o que os amigos têm para escrever.
STATLER
A VIDA PELA VIDA
Não fui bafejado com a graça da Fé. Mas quando vejo a minha pequena sobrinha de ano e meio a dormir, aproximo-me muito do sentido do divino. E os estetas que me perdoem, mas hoje não posso subscrever Wilde. Pelo menos naquele quarto, a Vida não imita a Arte. Aquela Vida, ali deitada, está muito para além da Arte.
STATLER
À NOITE
Escrevo sobretudo à noite. À noite escrevo sobre tudo. As horas passam demasiado depressa e a luz chega cedo. Muito cedo. Escrevo este poste e é já de dia. À noite o mundo parece suspenso e só as teclas do meu computador existem no escuro silêncio das madrugadas. Só à noite é possível ouvir todos os teclados do mundo, onde os noctívagos e os insones batem para construir os seus pedaços de ilusões literárias.
STATLER
A IGNOMÍNIA SAIU À RUA
Leio e não acredito. Ouço e parece mentira. As justificações imbecis, as desculpas acusatórias estão em toda a parte. Afinal a culpa é dos EUA, é da ONU, é de Israel. Os autores dos atentados, os que levaram a termo e lá morreram e os que os pensaram e mandaram executar são apenas vítimas. Vítimas. As crianças de Jerusalém, os funcionários da ONU não. Esses pactuam com os alegados agressores. Apenas por existirem. Apenas por estarem ali, no momento em que as vítimas, essas pobres criaturas, decidiram explodir um prédio, um autocarro.
Os autores de tamanhas declarações vão fazendo o papel de idiotas úteis, sem perceberem que do lado de lá não recebem a menor estima ou apreço. Os terroristas agradecem em silêncio sem qualquer intenção de retribuir seja o que for. À primeira oportunidade, rebentam com qualquer autocarro, mesmo que cheio de manifestantes a favor da causa palestina.
STATLER
A MORTE SAIU À RUA
Morreu Sérgio Vieira de Mello. Foi assassinado por um atentado terrorista. Um atentado contra a sede da ONU. Os palermas do costume atribuem a culpa aos americanos.
Eu gostava de Vieira de Mello. Acima de tudo, parecia-me um ser humano decente. O seu trabalho ao serviço da ONU, salvo factos que desconheça, foi sempre um exemplo dessa decência. E a humanidade e a decência sempre irritaram os terroristas do mundo inteiro.
Em Jerusalém, um autocarro explodiu. Morreram 20 pessoas. Entre elas gente apenas anónima. Os cobardes da Jihad orgulham-se do facto. Nada, a não ser a morte, sossega e satisfaz estes terroristas. Esta gente não é, não pode ser, a gente por quem eu temo, por quem eu me comovo.
STATLER
PS: Não me venham com o argumento de cenários de guerra.
No Iraque, o atentado foi contra a ONU, organização que tudo fez e tem feito para minorar a predominância anglo-saxónica da intervenção militar no país.
Em Israel, o atentado foi para vingar a morte de um operacional. Matando dezenas de pessoas que talvez nunca tenham sequer combatido.
O terrorismo não é um cenário de guerra. É estúpido, é desumano, é desleal.

terça-feira, agosto 19, 2003

A NOITE, VIZ-A-VIZ
Quem, como eu, passa a maior parte das horas da noite - se não todas - acordado, costuma perguntar-se a si mesmo e a outros que padecem do mesmo: "Noite o que é?" O Francisco, como sempre, responde às perguntas que só sei formular, nunca responder. E como ele próprio escreveu um dia, quando surgem respostas, mudam as perguntas. Agora são "Noite como é?" e "Noite porque é?". Espero pela volta do correio.
STATLER
PS: Quando Francisco José Viegas começou o blogue, chamei-lhe, por graça, o Mestre de Aviz. Não imaginava na altura que a palavra Mestre, aplicada a si, viria a tomar um sentido tão literal.

segunda-feira, agosto 18, 2003

CORREU BEM A VIAGEM?
De regresso estão os postes brilhantes, obsessivos e definitivos de Pedro Lomba. Cheers.
STATLER

domingo, agosto 17, 2003

A ORIGEM DAS PALAVRAS
A propósito do poste de hoje da Charlotte sobre etimologia lembro-me do filme Viram-se Gregos Para Casar (tradução amalucada de My Big Fat Greek Weeding), onde uma rapariga de origem grega se casa com um rapaz não-grego.
Recordo o pai da moça - Mr. Portokalos - dizer a toda a gente: "Diz-me uma palavra, uma palavra qualquer, e eu mostro-te como a raiz dessa palavra é grega." Uma amiga da filha atira: "Kimono." A resposta é clara. "Inverno em grego é himo'nas. O que é que se veste quando se tem frio? Um robe. Um kimono." Brilhante.
Quem não sabe latim e grego - o meu pobre caso - tem de se entreter a inventar.
STATLER

sábado, agosto 16, 2003

'CAUSE I'M FREE TO DO WHAT I WANT
Uns psicólogos americanos asseguram que o "conservadorismo" é uma doença psicológica. De um ponto de vista prático, isso nem é mau. Significa que diga o que disser ou faça o que fizer, serei sempre inimputável. Thanks again, America.
STATLER
ARNALDINHO
Agora que Schwarzenegger é o mais forte candidato a governador da Califórnia penso ser a altura certa para manifestar a minha admiração pela cinematografia de Arnie.
Até ao dia do referendo, postarei aqui algumas recensões e análises de conteúdo dos filmes em que o Mr. Universo entrou e arrasou Hollywood.


COMMANDO
Filme onde se expõe o verdadeiro Matrix. Arnold Schwarzenegger. 1985. Coronel John Matrix. Filha raptada. Alyssa Milano, símbolo sexual anos mais tarde, é Jenny. Um ditador e poucas horas para salvar a filha. Filmes como este não se voltaram a fazer. Estes Matrixes novos, muito abichanadinhos com os seus efeitos especiais, deviam era ter vergonha. Jamais se retratou a existência humana de forma tão sublime e tão profunda. Um homem e umas metralhadoras sozinhos na selva sul-americana. O indivíduo e a sua finitude. A angústia kierkegaardiana no carregador automático. O pânico de perder a filha, clara alusão aos valores decentes da família nuclear. A raiva contra um ditador que oprime o seu povo, nítida referência aos sólidos pilares da democracia nos EUA.
A robusta interpretação do ex-Mr. Universo, com um inglês cristalino, oferece ao filme um oportunidade de o espectador se sentir absorvido pela complexidade múltipla dos sentimentos que provoca. Os diálogos são exemplares na subtileza do humor. Veja-se: “Lembras-te, Sully, que eu prometi matar-te em último lugar? Eu menti.” O génio. A rudeza e a ternura da ironia numa frase apenas. Numa das cenas mais famosas, Matrix pergunta a Cindy/Rae Dawn Chong (actriz de filmes memoráveis como The Squeeze, Chaindance ou Starlight) como aprendeu a disparar um lança-rockets. A resposta dela – “Li as instruções” – é um apelo à juventude americana para continuar a frequentar a escola e contribui, ao mesmo tempo, para criar hábitos de bom consumidor. Assim como é importante pedir sempre o livro de instruções na compra de qualquer produto, saber lê-lo pode dar muito jeito quando for preciso usar a arma.
Nenhum filme conjuga em apenas hora e meia tantas emoções e tantos ensinamentos.
STATLER
IRMÃO, ONDE ESTÁS?
Henrique, o vencedor do segundo Big Brother, há 253 anos, decidiu não dar mais entrevistas à imprensa, como forma de protesto pela divulgação de boatos que atribuem uma sexualidade alternativa a Zé Maria, vencedor da primeira edição, nos finais da Idade Média.
O rapaz do seminário tem a sua razão. A comunicação social não é rigorosa. Não se chama homossexual a um tipo que gosta de cegonhas, galinhas e louras burras. É zoófilo. (Se só gostar de louras burras, dispensando a bicharada, diz-se futebolista.) Haja rigor, meus senhores.
STATLER
SOU CONTRA O ABORTO, MAS ADMITO EXCEPÇÕES
Afirmação de José Cid à revista Flash (citada pelo Público): "Sou a mãe do rock português."
Uma pergunta: E não podia ter tomado a pílula?
STATLER
IT'S A DIRTY JOB BUT SOMEONE HAS GOT TO DO IT
O jornal Público informava na edição de ontem (quinta-feira) que Angelina Jolie não pratica sexo há quase dois anos.
Isto é um exemplo flagrante de desperdício dos recursos naturais do planeta.
STATLER

sexta-feira, agosto 15, 2003

APAGÃO
A natureza não pára de me espantar. Nunca pensei que a cegonha, uma ave simpática e pachorrenta, conseguisse voar de Portugal até aos Estados Unidos.
WALDORF
COM COISAS SÉRIAS NÃO SE BRINCA
Há uma semana fiz uma piada sobre os incêndios. Nem uma "marretadinha" dos leitores do blogue. Na madrugada de quarta-feira, escrevi sobre a voluptuosidade das adolescentes em biquini e ninguém comentou. A noite passada manifestei alguma satisfação pela derrota do Benfica e a blogosfera no activo caiu-me em cima.
(Para os menos atentos, e antes que venham os tipos do DIAP, da Protecção das Florestas e o João Malheiro bater-me à porta, nenhum dos postes acima referidos foram escritos com o tom sério dos artigos do Expresso.)
Moral da história: Nem incêndios, nem pedofilia. O que realmente preocupa e mobiliza os leitores dos Marretas é que o Benfica não vá à Liga dos Campeões.
STATLER

quinta-feira, agosto 14, 2003

EARLY MORNING STATLERISM
(a propósito do Manifesto de LDA no Desejo Casar)
Os esforços feitos pelas elites intelectuais e políticas para atingir uma sociedade sem classes resultaram numa sociedade sem classe.
STATLER
BUONA FORTUNA
Hoje, durante o jogo Lazio-Benfica, festejei alegremente o terceiro golo laziale, e nem foi pela conotação direitista do clube romano. Alguém ao meu lado disse: "Não faças isso, é um clube português que está a jogar."
Tive de lhe explicar que para um sportinguista uma coisa são os clubes portugueses, outra história é o Benfica.
STATLER

quarta-feira, agosto 13, 2003

SERÁ DESTA?
Nos últimos dias tenho mantido uma luta desigual com o W32BLASTER.WORM.
Aparentemente, ganhei a guerra. Se eu não voltar aqui nas próximas 24 horas é porque ele ganhou mais uma batalha.
WALDORF
CORTE E COSTURA DEPOIS DO ALFAIATE
Taylor foi-se embora. Não acredito no novo presidente da Libéria para trazer a paz ao país.
Imaginemos uma reunião de Chefes de Estado e de Governo:
Voz off: "Ladies and gentlemen, the President of Liberia"
Presidente da Libéria: "My dear world leaders, I came to ask for peace in my country..."
Os outros todos: "Blah blah blah..."
SCHIZO, MOI?
Um ex-presidente do PPM quer fundar um novo partido monárquico, tendo como referência política o Bloco de Esquerda. É um conhecido problema da fala, o das pessoas não conseguirem dizer os R's, que gera equívocos destes, confundir quem defende os reis com os que defendem os gays.
STATLER
NABOKOV EM VALHELHAS
Passei esta tarde por uma praia fluvial. As adolescentes que circulavam dentro e fora de água fizeram lembrar-me a tortura a que Humbert Humbert é sujeito pela sua Lolita.
STATLER

terça-feira, agosto 12, 2003

MAIS UMA (E ACABA)
Oudezidjsvoorburgwal.
E' o nome de uma rua ao longo de um canal. Estes barbaros escrevem coisas estranhas.
ANIMAL
OUTRA IMPRESSAO DA HOLANDA
Amsterdam. Uma sex-shop ao lado de uma sapataria. Ambas exibem os seus produtos nas montras. Apenas notei uma diferenca: os sapatos tinham os precos afixados.
ANIMAL
IMPRESSAO DA HOLANDA
`A entrada do camping, um sinal determina: NO DRUGS ALLOWED. Interrogo-me: o tabaco entra no Index?
ANIMAL
LA DUNE DE PYLA
Ainda ca' estou... As femeas da expedicao foram todas ver a Dune de Pyla. Mulher, filha e cadela. Eu nao, que nao me interesso por coisas dessas.
No regresso, o desalento: Fomos `a duna, mas nao vimos Pyla nenhuma.
ANIMAL
AINDA RESPIRO (embora com alguma dificuldade...)
Prometido e' devido, e pertantos ca'stoueu em Amsterdam a contar coisas.
Como a tarifa desta coisa e' um bocado acima das modestas posses dum portugues razoavelmente bem pago, deixo as cro'nicas de viagem para o meu regresso. Ale'm disso, teclados sem acentos, nestas terras de selvagens, nao ajudam a manter a veia litera'ria.
Para aperitivo, uma impressao de viagem, ainda em Espanha:
CALOR
Atravessar Espanha com 44, 45 graus. A cadela a ofegar com o calor. A criancinha a perguntar incessantemente: quanto falta? posso comer um gelado? quero ir a uma piscina. tenho sede. o' pai, falta muito?
Confirma-se. O calor desperta os instintos homicidas.
Adeuzate'aomeuregresso.
ANIMAL

segunda-feira, agosto 11, 2003

ALLEZ MANHA
No Público de hoje, uma notícia sobre temperaturas altas no Reino Unido e na Alemanhã. (check it).
Nunca me tinha apercebido das possibilidades que um simples til naquele A pode permitir.
Já imagino bons trocadilhos: Viagem ao País da Alemanhã, O Futuro é Alemanhã, Que Me Dizes da Aleman, hã?.
Até quando se engana o Público é instrutivo.
STATLER

domingo, agosto 10, 2003

IMPORTA-SE DE REPETIR?
O Luís Delgado também fala em blogues. Diz ele que têm um inconveniente para os comentadores «oficiais» e pagos: é que se passam a usar os blogs, deixam de ter interesse e valor. A que título é que os jornais, televisões ou rádios investem em líderes de opinião que opinam gratuitamente?
Deve ser por isso que o Pacheco Pereira já não escreve no PÚBLICO. E que o Pedro Mexia não escreve no Independente nem começou a escrever no DN!
WALDORF
ANÓNIMOS, DISSE ELE
Mais um artigo sobre blogues e, para não variar, mais umas pedradas.
Pois ficam vocês a saber que há escassos meses, o eurodeputado do PSD (Pacheco Pereira) lançou entre nós a moda dos blogues.
Pois é, antes do Pacheco Pereira, ninguém tinha um blog, nem tão pouco sabia o que era tal coisa!
Quase no fim, lá vem outra. Cruzar a política com a ironia é a opção de Pedro Lomba, no blogue Flor de Obsessão, e dos anónimos autores dos blogues dos Marretas e Terras do Nunca.
Nós, Os Marretas, anónimos? Amigo PEDRO CORREIA, nós temos nome: chamamo-nos Waldorf, Statler e Animal.
Apesar de tudo, há outras partes muito interessantes, como esta: Enquanto a esmagadora maioria das colunas de opinião impressas nos jornais é cinzenta, conformista e previsível, os textos que circulam na blogosfera caracterizam-se pelo seu estilo vibrante e polémico. Gostei. Embora reconheça que uma coluna de jornal tem mesmo que ser cinzenta ... por causa do papel.
WALDORF
JOGO DA GLÓRIA
Enquanto a blogosfera inteira parou para férias, ainda há gente com paciência para começar blogues à procura da Glória Fácil. Pronto, já temos blogue para ler no mês de Agosto. E se forem dos que vão de férias em Setembro, cá estaremos para partilhar a invernia. Sejam bem-vindos.
STATLER

sexta-feira, agosto 08, 2003

INFORMAÇÃO A ARDER
A Protecção Civil acusou a comunicação social de assustar as pessoas com a avalanche de notícias acerca dos incêndios. No Jornal da Noite, Rodrigo Guedes de Carvalho mostrou a indignação daquela televisão face a esta acusação, terminando com algo do género: os meios de comunicação cumprem a sua missão e informam. A Protecção Civil que cumpra a sua parte e proteja.
Foi uma saída infeliz. É verdade que as televisões devem mostrar a realidade mas, convenhamos, já há um certo exagero. Para que servem os separadores “Portugal em Chamas”? Como entender peças jornalísticas com recorrem ao slow motion e às músicas de fundo capazes de fazer chorar pedras da calçada? Como explicar a contínua repetição de imagens com pessoas lavadas em lágrimas, animais carbonizados e habitações em chamas? Como justificar o agora habitual oráculo “imagens não editadas”?
Fazer informação é uma coisa. Fazer informação-espectáculo é outra coisa bem diferente. A isto se referia a Protecção Civil. Quer se queira, quer não, há uma grande fatia da população para quem a verdade é apenas o que é veiculado pelas televisões.
WALDORF
INSPIRAÇÃO
Enquanto espero que a temperatura baixe, vou dando uma espreitadela num livrito que já li umas 20 vezes. Este conto começa assim:
“Quando tinha treze anos fui proclamado rei da Capota. Estava precisamente naquele instante no meu quarto a apagar numa redacção o «In» de «Insuficiente».”
Contos Irónicos, de Heirinch Boll. Se encontrarem, comprem.
WALDORF
DE HIROSHIMA AOS INCÊNDIOS
O PCP continua a ser um partido muito original. Vejam lá do que eles se foram lembrar para atacar o Governo no caso dos incêndios:
O 58º aniversário do lançamento da primeira bomba nuclear pelos EUA em Hiroshima foi o mote para o PCP criticar a administração Bush pela ocupação do Iraque e o Governo português (…)
"Agora que é pública a mentira fabricada, o primeiro-ministro não veio a público esclarecer a situação", criticou António Abreu, membro da Comissão Política, que condenou, igualmente, o Governo pelo "envio de membros da GNR para o Iraque" enquanto "há falta de meios" para combater incêndios em Portugal
.
Já agora, porque não recordar o 43º aniversário do lançamento da “Enovoid”, a pílula anticonceptiva, pela empresa americana Searle Drug. Se não fosse esta empresa, a população teria continuado a crescer, o interior português não estaria tão desertificado, haveria mais gente a trabalhar a terra e, provavelmente, não teriam ocorrido estes incêndios, ou não teriam atingido estas dimensões. A culpa é, obviamente, dos americanos e dos seus aliados, como Portugal. Este Governo ainda nada fez para apontar o dedo aos verdadeiros culpados pelos incêndios em Portugal que são, afinal, os americanos.
WALDORF
AGORA É TARDE
A Polícia Judiciária. e diz que tem 400 agentes no encalço dos incendiários.
A pergunta que se coloca é simples: e por onde andavam esses agentes antes do início dos incêndios?
WALDORF
AC
Em trânsito por terras gaulesas, o Animal viu o ar condicionado da sua viatura estourar. Mal um gajo sai do buraco, começam logo as desgraças.
O pobre Animal telefonou-me para exteriorizar o seu desânimo face aos quarenta e muitos graus ao sol.
Resta-lhe dormir de dia para viajar de noite!
WALDORF
[Ainda sugeri mandar-lhe uma ventoinha por correio azul, mas estão esgotadas!]

quarta-feira, agosto 06, 2003

FESTA VERDE
Chegou o grande dia: os lagartos vão assistir à inauguração do novo estádio.
À frente dos ecrãs gigantes estarão os adeptos que compraram a Game Box. Atrás estarão os que receberam a Shame Box. Ideias de leão.
WALDORF
DÚVIDA METE DÓ-DICA
Pergunta: se um bando de generais se juntasse num jantarinho para protestar contra a política de um governo do PS (com ou sem coligação com PCP e/ou BE), quantos artigos inflamados a clamar "Aqui d'el Rei! Guerra civil!" os senhores doutores intelectuais da esquerda pátria já não teriam escrito nas páginas do Público e do DN?
STATLER
SOARES É FIXO
Mário Soares, de bisturi em punho, ofereceu-se para extirpar um tumor (maligno, presume-se) do Governo. Contudo, a gangrena causada quando da sua passagem pelo IPO de S. Bento não dá ao reputado especialista teórico grande legitimidade no que diz respeito a doenças cancerígenas.
STATLER
BRUCELOSE
Fui ver Bruce Almighty. Gosto de Jim Carrey porque é bom. Gosto de Jennifer Aniston porque é boa. Um a interpretar, outra a ser, simplesmente. O filme, apesar de Carrey, é a xaropada liberal do costume. Até um agnóstico como eu sabe que Deus, a existir, é muito mais do que os poderes absurdos de que Carrey se vê investido. Os especialistas que me expliquem, mas o Deus Todo-Poderoso judaico-cristão não pode ser apenas um tipo simpático que responde a preces e aumenta as mamas da namorada.
STATLER
MUTTS IV
(sob empréstimo)

Vejo-a nas praias,
ao longe, do outro lado do mar, entre risos.

(Francisco J., Aviz)
Ou de como eu gostava de saber assim domesticar as palavras.
STATLER
MUTTS III
O Beco das Imagens pediu-nos para indicar as nossas BD's preferidas. Deixei Corto Maltese descansar e escolhi Mutts, de Patrick McDonnell. Explico agora porquê. Porque o gato (Mooch) é amigo do cão (Earl). Porque Mooch diz "Yesh" e "Shomeone". Porque os dois são ingénuos e disparatados. E porque, apesar dos avisos de Earl e da falta de atenção que a gata lhe dispensa, Mooch continua a subir à mesma árvore para ver e falar com Nelly, com a ilusão inocente de quem vive no mundo da Lua.
Escolhi Mutts porque em Mutts estou eu, em Mutts estamos lá todos.
STATLER
MUTTS II
Na mesma casa que eu vive uma gata. Chamo-lhe Constança. Quando digo "a minha gata" uso o possessivo no sentido exclusivamente afectivo. Deixei-a na sexta-feira entregue aos (bons) cuidados da empregada. Mas a gata vai refilar. Durante cinco ou seis dias não houve cadeiras a dividir por dois, monitores de computador ligados durante dez horas seguidas, cheiro a comida acabada de fazer e subsequentes tentativas de chegar ao meu prato, manhãs na cama, ambos espreguiçados ao comprido, sempre com uma pata dela em cima de uma das minhas.
Sem ela, sinto-me desprotegido e impreparado.
STATLER
MUTTS I
A minha amiga M. tinha um gato. Na sexta-feira, foi-se embora para o céu dos bichos. Como é normal num gato, não disse "água vai". Pisgou-se sem dizer adeus, para não ver M. chorar. Os gatos não gostam de ver os amigos tristes.
STATLER
METE O BLOGUISMO
Chego e procuro os blogues de que mais gosto, de quem mais gosto. Detenho-me, como sempre, no último sucessor de D. João I, Mestre de Aviz. Mas desta vez leio, sem parar para respirar, poste atrás de poste, numa sequência de vinte e seis. Nem uma pequena referência mal entendida de um poste meu me desanima. Adoro os postes sobre o amor às árvores e às florestas, os poemas que queria tanto ter escrito - ou que dizem o que me apetece dizer agora - e principalmente um, aquele onde se diz tudo sobre o que somos, sobre o que fazemos aqui. Chama-se Late Night Blogs e é de Domingo, 3 de Agosto.
Não é de hoje, apetecer-me pôr um poste diário com a lembrança: "Não se esqueçam de ir ler o Francisco." É claro que escrevemos uns para outros, diz ele. Ainda bem que escreve para nós. Obrigado. Obrigados.
Já agora, é óbvio que escrevo este poste também para que o Francisco o leia. E saiba quanto gosto daquilo que ele escreve no fundo branco do seu blogue. Afinal, escrevemos uns para os outros, não é?
STATLER
SÁBIAS PALAVRAS
Regresso de um fim-de-semana comprido sem contacto com mundos virtuais. Na televisão vi o país e a região onde vivo arder, arder, arder. Não quero falar do assunto. A minha Mãe sempre me ensinou para não brincar com o fogo.
STATLER

terça-feira, agosto 05, 2003

ARRANJEM AÍ LUGAR PARA MAIS DOIS
E porque se fala muito em fogos, aqui está uma nova frente. Mas esta não é para apagar.
Também achei este, que se deu a conhecer. E fez bem.
WALDORF
OUTRO?
O Ricardo é benfiquista desde pequenino. Negociou com o Benfica e foi parar ao Sporting.
O Sérgio Conceição disse que em Portugal só jogava no Porto. Negociou com o FCP e foi parar ao Sporting.
Atenção benfiquistas: o Rui Costa disse hoje à TVI que pretende voltar ao seu Benfica … está-se mesmo a ver onde ele vai parar!
WALDORF
VOU AVISAR O ZÉ
Está encontrada a solução para todos os problemas que afectam o país. Agora é só avisar o Governo para comprar isto.
WALDORF

segunda-feira, agosto 04, 2003

SOLUÇÃO EXTRAORDINÁRIA
Há gente que perde grandes oportunidades de estar calado, e este senhor é um deles. Vejam lá do que ele se foi lembrar agora:
“Não faz sentido que a Assembleia da República não interrompa as férias para se pronunciar sobre esta matéria atempadamente, ainda na primeira quinzena de Agosto", disse o dito cujo.
O homem defende a convocação de uma sessão extraordinária da Assembleia da República para debater a questão dos incêndios. Como se um qualquer voto de pesar da Assembleia da República alterasse alguma coisa. Está-se mesmo a ver que iam todos para ali chorar lágrimas de crocodilo e atirar culpas uns aos outros. Em lugar de uma reunião extraordinária seguida de um ano de esquecimento, deixem-se estar quietinhos na praia e trabalhem o assunto logo no início da legislatura.
WALDORF
MAIS FOGO
[Como a caixa de marretadas não dá para comentários longos, coloco aqui esta mensagem de uma leitora]

Estive no interior centro do país este fim de semana e saí de lá com um misto de ódio, frustração e sofrimento. Que estupefaciente ingeriu Portugal para vivermos há décadas situações devastadoras de incêndios e ainda se ouvirem-se frases como: "foi sempre assim", "faz parte do equilíbrio cinegético"!!! Ao que eu respondo mentalmente, furiosa e revoltada: "põe o equilíbrio cinegético no..." Desculpem, mas é exasperante! Nós já quase não temos floresta, muito menos espécies animais dignas do nome "animais selvagens" e ainda se ouvem anormalidades destas?! Eu queria ver o que acontecia se respondessem uma palermice destas à frente de algum dos familiares das 9 vítimas mortais destes incêndios ou junto das pessoas que perderam casa, gado, pinhais,...?! Linchamento popular era o mais provável, não?!

Perante toda esta calamidade, será desta vez que Portugal acorda para o flagelo anual dos incêndios florestais? Para a perda vil e cobarde de hectares e hectares de floresta e toda a vida animal que nela luta com dificuldade para subsistir contra a pressão urbanistica, a escassez de recursos, a caça, os predadores, os incidentes climatéricos?!

Será que vamos finalmente acordar para a realidade da morte lenta do nosso património ambiental tão fundamental ao sustento daqueles que o cultivam como também para todos os outros? Porque todos temos de respirar, de comer, de passar os olhos por obras de arte como a Natureza para sobreviver à loucura do dia-a-dia!

Será desta que os portugueses saem da letargia dos últimos tempos e recuperam alguma daquela tenacidade do 25 de Abril e lutam com seriedade e insistência por um país melhor?

Sim, este ano o calor e os ventos têm sido os nossos piores inimigos mas só porque os primeiros causadores dos incêndios - a negligência, os interesses económicos e a maldade - vagueiam impunes por aí!

Pergunto-me, onde estão as medidas de reflorestação? De interdição à caça? De protecção à fauna e à flora que saem quase completamente dizimadas destes mares de chamas? E as medidas de penalização para os responsáveis - morais e materiais - destes flagelos? Onde estão indivíduos que anualmente a Judiciária prende por suspeita de fogo posto? São todos doidos, menores e afins?! Em que gaveta fica o dinheiro que deveria ser seriamente investido em equipamento e formação para os operacionais que combatem estes monstros de destruição?

Quanto mais será preciso perder para as promessas eleitorais serem levadas a bom porto?

Por enquanto ainda tenho esperança, vamos ver se essa também não acabará por morrer...

DLF


Mais palavras para quê?

WALDORF

domingo, agosto 03, 2003

FOGO
[Nota prévia: Há dias assim, ficamos amargurados até mais não. Ontem foi um deles e por isso este post é sério.]

Regressado de férias, esperava encontrar aqui o habitual imenso céu azul. Mas não. O que encontrei foi um céu cor de chumbo, pintado pelo intenso fumo dos incêndios que continuam a queimar a Beira Interior. Por isso não consegui calar a mágoa e resolvi deixar aqui uma adaptação de um texto de opinião que escrevi recentemente num jornal regional.

Portugal não tem grandes florestas e a tendência é para não ter nenhuma. Os culpados são os incêndios, mas os culpados dos incêndios somos nós, com especial destaque para todos os que têm responsabilidades nesta área: políticos, técnicos e organizações ecologistas. E podia fazer-se tanto com tão pouco.

1.COORDENAÇÃO A tutela desta área é uma autêntica floresta de competências e, não raramente, de incompetências: a responsabilidade pelas matas portuguesas pertence aos ministérios da Agricultura, (Direcção Geral das Florestas), da Administração Interna (GNR e Liga dos Bombeiros) e do Ambiente (ICN e parques naturais).
No campo da coordenação, o problema é o excesso de actores. O património florestal deve estar sob a alçada de uma única entidade, uma Secretaria de Estado da Floresta, responsável pelo processo de reflorestação e pela formação e coordenação de um corpo de guardas florestais.
Basta olhar para as florestas das celuloses para se perceber imediatamente a importância de implementar medidas desta natureza. São raros, para não dizer raríssimos, os incêndios nas florestas privadas destas empresas. E porquê? Porque há um só poder, muito planeamento e vigia permanente.

2. REFLORESTAÇÃO A maioria dos planos de reflorestação não passa do papel e os que são colocados em prática limitam-se ao pinheiro e ao eucalipto. Qualquer técnico desta área sabe que uma das formas de prevenir incêndios é reflorestar com base na mistura de resinosas e folhosas, como pinheiros e carvalhos, por exemplo.

3. PREVENÇÃO A aposta mais forte terá de ser feita na prevenção, com base em três actos fundamentais:
a. Sensibilização dos utentes da floresta para a obrigatoriedade de zelar pelos bens comuns;
b. Formação dos pastores no sentido de mostrar alternativas às queimadas;
c. Abertura de corta-fogos e limpeza das florestas, recorrendo aos militares, à população prisional e aos desempregados que estão a receber subsídio.

4. COMBATE O espírito de missão leva muitas corporações de bombeiros a deslocar-se para incêndios longe dos seus concelhos. O problema é que os incêndios não são todos iguais e as condições de terreno condicionam as operações de combate. Não bastam homens e viaturas, é preciso um conhecimento profundo do terreno. Por isso parece-me que se justificaria uma comissão regional de prevenção e combate aos incêndios. Esta comissão seria composta por bombeiros locais e técnicos florestais e teria como missões efectuar um levantamento exaustivo das condições do terreno e preparar mapas e planos de formação para as corporações mais próximas de forma a evitar-se a perda de vidas por excesso de voluntarismo. É verdade que já existe a Protecção Civil, mas a sua acção é de tal forma vasta que se justifica uma unidade mais especializada.

Muitas destas constatações são óbvias. Algumas delas vão ser repetidas até à exaustão durante os próximos meses. O problema é que, lá para Outubro, tudo cai no esquecimento até ao primeiro incêndio de 2004. As organizações ecologistas, sempre muito preocupadas com a Floresta Amazónica e com os morcegos do Alqueva, deviam chamar a si a responsabilidade manter a questão dos incêndios na agenda política. Se não for assim, no próximo ano cá estaremos para mostrar a nossa indignação com os incêndios. E em 2005 também. E em 2006. E…, quem sabe, talvez não vá muito além desse ano, pois com este ritmo, nessa altura não haverá nada para queimar.
WALDORF

sábado, agosto 02, 2003

REGRESSO
Olá malta. Foi-se o Animal, voltou um velho jarreta, desculpem, marreta.
Ao contrário de alguns grevistas que andam por aí, os MARRETAS mantêm sempre os serviços mínimos.
WALDORF

sexta-feira, agosto 01, 2003

ÉPOCA DE CAÇA
Hoje, dia 1 de Agosto, começou a Sally season.
STATLER
NÃO LHE ADMITIMOS ISTO
Não é normal recebermos hate mail. De vez em quando lá calha, mas este passou das marcas.
Publicamos aqui a mensagem, para que toda a blogosfera seja testemunha do ocorrido.
Num fundo preto com letras amarelas, o leitor hh.blogdasui escreve isto:
"Àb«È¥úºÐ¤u¨ã¤ù
Àb«È±`±` ¾ÌÂÇµÛ¦Û ¤vªº° ª¶Wªººô¸ô¤Î¹q ¸£§Þ¥©¡A« Dªk¤J«I¥L ¤Hºô ¯¸¦Ó³y¦¨¸gÀÙ·l¥ ¢¡A³o´ N¥s° b«È¡A ±q¨¾¤î¤J «I¡A¨ì¥ þ­±ªº« OÅ @¬Æ¦Ü¬O ¤ J«I¥L¤Hºô¯¸³ £±N¦ b³o¤ @¤@¤¶² СC ¥»¥úºÐ¤ ¤ªº©Ò¦³ µ{¦¡¬Ò¨ã ¦ ³¤@©wª º±þ¶Ë¤ O¡ A°£¤F¥i¤ J« I§O¤ H¹q ¸£ªºµ{¦¡ ¥~ ¡Aµ{¦¡ ¤¤ ¬Æ¦Ü¤] ¦³©Ò¿×ª º±þµwº е ¦¡¡A¥» ¥ úºÐ¤ u¨ã¬ Û·í¥ R¸Î¡A¤d¸ U¤£­ n§Q ¥Î³o¨Ç ¤u ¨ã¨Ó¯ }Ãa¥L ¤Hª º ¹q¸£© Î ¸ê®Æ ¡A ¥»¥úºÐ ¶È¶È ¥ u¨Ñ­ ¤H ¨¾Å@ ¹ w¨¾Àb«È ¤J«I¤Î¦P¦nªÌ ½m²ß ¬ã¨s¬ ã¨s¡I ¨S¶R¨ì 1999¦~À b«È¥úºÐ¤u¨ ã¤ù¤@ªººô ¤Í¤]¤£¶·Áʶ R¤F¡A¦] ¥»¤ù±M ¿è¤º®e ¤v¥] t¡A ¨Ã§ó·s¤F©Ò¦³¤ J«Iµ {¦¡¡A¤Î·s¥ [¤J¤F¥ þ·sªº ¨¾½Ãµ {¦¡¡A©Ò¦ ³¤u¨ã µ{¦¡¤W¦ 漯 , §¡ ¦³¸Ô ²Ó¤¤¤ 廡©ú , »¥úºÐ ¤º®e¨¬¨¬ ¬°²Ä¤@ ±iªº¤T ­¿¡A¬Û«H¨¾À bªº§Þ¥©±z ¥²¯à§ó³Ó· íªì¡I."
Não respondemos a provocações destas em público. O caso será remetido para as instâncias competentes.
We'll see you in court.
OS MARRETAS
DIÁLOGOS BILIARES
Uma amiga diz-me: "Quero fazer um mestrado caríssimo. Acho que vou ter de vender o corpo."
Respondo com solidariedade: "A mim dava-me jeito uma vesícula nova."
STATLER
POLICIAL ANOS 50
Tocam à porta. Abro. Uma senhora pergunta-me: "Conhece Jesus?". Olho para ela e respondo com firmeza: "Não contem comigo para denunciar ninguém." Ela volta a olhar para mim com ar inquiridor e repete a questão. Intimidado, utilizo a estafada saída de indicar um amigo do procurado: "Se calhar era melhor falar com a Alexandra Solnado."
STATLER
VOU DE VACANÇAS
Vou-me pôr a milhas. Vou ver se é verdade que existe um mundo para lá do cume da Serra da Estrela, ou se é apenas o produto de mentes alucinadas. Pelo menos para um bom número de nativos das beiras, não existe mais nada para lá da serra (excepto alguns médicos numa terra chamada Coimbra...).
Vou à procura dum sítio chamado Dinamarca, essencialmente para verificar a qualidade das gajas.
Se houver cibercafés (ou locutórios intérné, como dizem os espanhóis), ainda mando uns postes. Se não houver, ou se forem muito caros, ou as gajas não me derem descanso, não mando. O mundo continuará a rodar, impávido e sereno, sobre o seu eixo e à volta do sol, com ou sem as minhas bacoradas.
Façam favor de ser felizes. (Solnado dixit)
ANIMAL
TERMINATOR 3
Diz o Arnaldo Castanhopreto: "O dia do Julgamento é inevitável."
Digo eu: "O Terminator 4 é inevitável."
Estes sacanas sabem vender o peixe, carago.
ANIMAL